O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), cobrou nesta terça-feira (28) mais apoio do governo federal para as operações contra o crime organizado no Estado, mas foi contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança encaminhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Congresso Nacional em abril deste ano.
As declarações foram dadas em meio à operação de combate à facção Comando Vermelho. Bolsonarista, Castro deu várias entrevistas criticando a iniciativa, sem propor qualquer alternativa. “Tudo que ajuda é bom, mas eu não tenho dúvida que não é isso que resolve o problema da segurança pública”, alegou ele.
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“A gente tem que analisar com mais cuidado um pouco para, ao invés de ajudar, não criar uma bagunça maior ainda na segurança pública”, disse o governador, argumentando risco de conflito de competências.
Além de Castro, outros governadores de direita barraram a votação da PEC no Legislativo, entre eles o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e do Paraná, Ratinho Jr (PSD). Não por acaso, esses quatro últimos são pré-candidatos à sucessão de Lula em 2026.
Motivação eleitoral
A oposição desses governadores à PEC da Segurança tem clara motivação eleitoral. Eles não querem a aprovação da proposta porque isso poderia ser capitalizado por Lula na disputa do ano que vem. Por isso, ao invés de combater o crime organizado de forma conjunta com o governo federal, eles preferem boicotar a iniciativa e quem paga por isso é a população na forma de mortes e violência.
Urgência
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu Castro. “Os violentos episódios desta terça-feira no Rio, com dezenas de mortes, inclusive de policiais, boqueio de rodovias e ameaças à população, ressaltam a urgência do debate e aprovação da PEC da Segurança Pública no Congresso Nacional”, destacou.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, também comentou as declarações do governador fluminense. “O governador Cláudio Castro tem uma postura vergonhosa e tem que vir à público explicar porque se posiciona contra a PEC da Segurança, que dá força a ações de inteligência e de integração dos diferentes órgãos de segurança da União, Estados e municípios”, lembrou o deputado.
“O governador Cláudio Castro insiste em um modelo falido, que, ao invés de privilegiar inteligência e integração, prefere operações de guerra, utilizadas há décadas no Rio de Janeiro, sem nenhum resultado concreto, exceto o derramamento de sangue de civis e policiais”, criticou ele.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandovski, foi direto ao comentar as falas de Castro. “Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e pedir GLO (Garantia da Lei e da Ordem) ou intervenção federal. Ou ele faz isso, se não conseguir enfrentar, ou vai ser engolido pelo crime”, disse o ministro.
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