O Festival do Rio 2025 encerrou sua edição marcando um feito histórico: nunca tantas mulheres estiveram por trás das câmeras. Entre os mais de 300 títulos exibidos, cerca de 10% foram dirigidos por mulheres — um número que, embora ainda distante da igualdade, representa um avanço significativo em um setor dominado por homens desde o nascimento do cinema.
Nomes como Gloria Pires, Tainá Müller e Isis Broken estrearam na direção, somando-se a produções internacionais comandadas por cineastas como Juliette Binoche, Kristen Stewart e Ana Cristina Barragán. O evento também recebeu documentários e longas que discutem justamente o papel da mulher na criação audiovisual, como “Sem dó, nem piedade”, da alemã Isa Willinger, que reúne diretoras renomadas — entre elas Céline Sciamma e Catherine Breillat — para refletir sobre o olhar feminino e o poder das narrativas dirigidas por mulheres.
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O movimento reflete uma mudança mais ampla: de 2022 para cá, diretoras como Jane Campion (Ataque dos Cães), Celine Song (Vidas Passadas) e Justine Triet (Anatomia de uma Queda) têm conquistado reconhecimento em premiações internacionais. Ainda assim, os números revelam a disparidade — apenas 16% dos filmes de maior bilheteria mundial em 2024 foram dirigidos por mulheres.
No entanto, a força das histórias contadas por elas mostra que a mudança é irreversível. Ao ocupar o espaço da direção, essas cineastas não apenas diversificam o olhar sobre o mundo, mas também questionam estruturas patriarcais do próprio cinema. O Festival do Rio 2025 deixa, assim, um legado simbólico: o de um novo capítulo na história do audiovisual, onde o protagonismo feminino não é exceção, mas caminho.
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