O depoimento, na última quinta-feira (25), do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso que investiga as fraudes nos descontos de aposentados e pensionistas confirmou que o esquema surgiu e ganhou força durante o governo Bolsonaro.
De acordo com os parlamentares, apesar de se declarar inocente das acusações da Polícia Federal, que o aponta como um dos operadores do esquema, Antunes admitiu ter começado a “prestar serviços” às principais entidades envolvidas nas fraudes a partir de 2021, quando foram firmados os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS.
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Questionado sobre quando começou a ter relações comerciais com o empresário Maurício Camisotti, preso sob acusação de ser um dos principais beneficiários dos desvios, Antunes que o contato ocorreu no fim de 2021 –período em que entidades fantasmas passaram a celebrar ACTS com o INSS para efetuar descontos.
Logo após conhecer Camisotti, o empresário criou, em janeiro de 2022, a Prospect Consultoria, que passou a prestar serviços para a Ambec. Na época, a entidade tinha apenas três associados e faturava R$ 135 em descontos; ao final de 2022, multiplicou o número de filiados e atingiu faturamento de R$ 16 milhões.
Segundo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), no final do governo Bolsonaro, em 26 de dezembro de 2022, outro ACT foi assinado entre a Cebap, também acusada de captar associados de forma fraudulenta, e o INSS. De acordo com o parlamentar, isso comprova que o esquema foi estruturado no governo Bolsonaro.
“Tudo isso começa no Governo Bolsonaro. Os ACT’s nesse modelo de prestação de serviço, nessa forma como em uma instituição que começa com três associados, e começa arrecadando R$ 135 e, em pouco tempo, a entidade passa a arrecadar R$ 19 milhões (em 2023), no caso da Ambec, e chegou a 650 mil associados em poucos anos arrecadando anualmente R$ 500 milhões, foi criado quando, a partir de 2021 e 2022, no governo Bolsonaro”, lembrou Pimenta.
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