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Black Pantera: música, resistência e o poder da arte como transformação

Histórias pessoais, críticas sociais e resistência são os motores da arte do Black Pantera. (Foto: Marcos Hermes)

Formada em Uberaba (MG), a Black Pantera é uma das bandas mais contundentes do cenário musical brasileiro atual. Com um som que mistura peso, atitude e consciência social, o trio construiu sua trajetória a partir de histórias pessoais, críticas sociais e resistência, refletindo sobre a força da música como ferramenta de transformação.

Filhos de um ambiente musical, os irmãos Charles Gama (guitarra e vocal) e Chaene da Gama (baixo) cresceram cercados por ensaios e artistas.

Nossa casa sempre foi rodeada de músicos, a gente sempre ia nos ensaios, foi algo muito natural

recorda Chaene.

Charles lembra que desde cedo transitou por todos os estilos, do samba ao sertanejo raiz, mas sem abandonar o rock. Entre risos, ele comenta:

Teve um charme de querer jogar bola quando era moleque, mas não deu muito certo

comentou.

Uma lesão precoce o afastou do esporte, abrindo ainda mais espaço para a música.

Já Rodrigo Pancho (bateria) entrou no universo musical pela capoeira, através de um projeto social do qual sua mãe participava, e depois migrou para o samba. Na juventude, a cena rock de Uberaba era pequena, mas sempre os aproximava.

A necessidade de uma banda preta

(Foto: Divulgação)

Desde o início, Charles tinha clareza do que queria:

Eu queria uma banda preta desde o começo, porque eu queria me sentir representado. Eu cresci com isso, gosto de fazer rock’n’ roll mas não me sinto representado

declarou.

No começo, Chaene e Rodrigo resistiram à ideia de trabalhar com música autoral em uma cidade interiorana e ainda abordar temas tão fortes. Mas ao ouvir as primeiras composições, a dúvida virou certeza. 

O trio mergulhou de cabeça no projeto. A partir desse momento, acreditaram totalmente no que estava sendo feito e dali pra frente as coisas foram só acontecendo. Os caminhos foram levando-os a vários lugares.

O percurso, no entanto, não foi fácil. Rodrigo recorda que durante a pandemia precisou trabalhar em aplicativos, enquanto Charles lavava carros e Chaene atuava como CLT.

Em 2022, a gente tocou no Rock in Rio na sexta, na segunda o Charles tava lavando carro

contou.

E completou:

A mente ficava doida, acabei de tocar no Rock in Rio… quantas bandas importantes que têm talento, que têm algo a dizer, não desistem no meio do caminho? A sociedade vai te engolindo, então você tem que trabalhar, isso suga sua energia

disse.

Apesar das dificuldades, o Black Pantera conquistou reconhecimento dentro e fora do Brasil. Mas sempre mantiveram o compromisso de cantar em português.

Muita banda sai daqui cantando inglês, a gente nunca quis fazer lá primeiro, a gente sempre quis falar com os brasileiros

explica Charles.

Ele reforça:

Tinha certeza que tinha que trocar ideia com as crianças do Brasil

afirmou.

Essa escolha rendeu frutos: a banda foi até tema de questão do Enem e consolidou seu nome no cenário nacional.

Manifesto e representatividade

(Foto: Camila Macedo)

A postura da banda vai além da música:

Não tentem embranquecer o nosso rock

afirmam em manifesto.

Para eles, o underground segue sendo um espaço de resistência, com bandas que levantam bandeiras sobre racismo, feminismo e comunidade LGBTQIA+.

No mainstream tinham bandas que nos anos 80 falavam e agora estão confortáveis, não precisam se posicionar, mas as bandas no underground estão falando sim

lembra Charles.

O trio também comentou a presença crescente de mulheres e crianças em seus shows, contrastando com o histórico masculino do rock. 

O futuro e o papel da arte

(Foto: Marcos Hermes)

O grupo também falou sobre os tempos atuais e o que esperam para o futuro.

A gente vive momento terrível, ataque à democracia, vários conflitos no mundo inteiro, extrema direita avançando, discurso de ódio, a gente tem que estar conectado, a sociedade precisa se organizar

afirmou Chaene.

Rodrigo completou:

Espero que o imperialismo derreta, espero que a gente esteja muito melhor… viva a música, a arte salva, espero que daqui dez anos as pessoas estejam mais conectadas com a arte

E mesmo diante das dificuldades, a banda sabe do impacto que já deixou na história. Como resume Charles:

Se a banda acabar amanhã vai ser uma parada histórica, vai ter uma molecada falando da gente 

arrematou.

*Dica: para quem quiser mergulhar nas mensagens do trio, eles recomendam ouvir “Tradução”, uma homenagem às mães brasileiras, e “Candeia”, sobre o poder dos tambores.

TRADUÇÃO, do álbum “PERPÉTUO” (2024):

CANDEIA, do álbum “PERPÉTUO” (2024):

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Maria Coelho

Jornalista com experiência em veículos como a Agência Estadual de Notícias do Paraná. Integra atualmente a equipe do Brasil Fora da Caverna.

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