O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), gerou polêmica ao defender publicamente a saída do Brasil do Brics — bloco econômico que reúne, entre outros, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Segundo o governador, a participação brasileira no grupo representa um “alinhamento errático” e está por trás das tarifas impostas por Donald Trump aos produtos brasileiros. Para Zema, o país deveria se afastar de nações que considera “incompatíveis com valores ocidentais” e buscar uma aproximação maior com os Estados Unidos e a Europa.
As declarações do governador foram feitas em um momento em que o Brics se fortalece como uma alternativa relevante ao sistema financeiro dominado pelo Ocidente. Em vez de isolar o Brasil, o grupo tem ampliado suas frentes de cooperação, atraído novos membros e promovido iniciativas de comércio em moedas locais, o que favorece a autonomia econômica dos países do Sul Global.
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Criticar o Brics por um suposto “tarifaço” de Trump também revela desconhecimento sobre os motivos reais por trás das políticas protecionistas dos Estados Unidos. As tarifas impostas durante o governo Trump afetaram diversos países, inclusive aliados históricos, e foram motivadas por interesses internos e eleitorais. Culpar o Brics por esse movimento simplifica um debate complexo e escancara a falta de preparo de Zema para lidar com temas de política internacional.
O Brasil tem no Brics uma importante plataforma para influenciar decisões globais, acessar mercados estratégicos e cooperar em áreas como ciência, energia, agricultura e inovação. A China, por exemplo, é o principal parceiro comercial do país, especialmente para estados exportadores como Minas Gerais.
A fala de Zema foi vista por analistas como mais um aceno à base conservadora e liberal que o governador pretende mobilizar em futuras disputas eleitorais nacionais. No entanto, usar a política externa como palanque ideológico pode custar caro ao Brasil, que precisa de pragmatismo e inteligência estratégica para crescer em um mundo cada vez mais multipolar. A retórica simplista de Zema pode agradar a determinados setores, mas não serve aos interesses de longo prazo da nação.
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