Uma investigação da Polícia Civil de Goiás revelou detalhes que chocaram até agentes acostumados a lidar com crimes violentos. Vídeos obtidos durante uma operação realizada em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, mostram uma prática que a corporação descreve como uma espécie de ritual criminoso: a advogada Tatiane Meireles e o sargento da PM goiana Hebert Póvoa aparecem realizando uma “oração” sobre maços de dinheiro arrecadados pela quadrilha. O conteúdo das imagens evidencia a confiança e o grau de organização do grupo, que explorava vítimas endividadas por meio de agressões, ameaças e humilhações.
A cena registra Tatiane conduzindo a reza enquanto o sargento mantém as mãos sobre o dinheiro. Segundo investigadores, aquele montante havia sido obtido em cobranças marcadas por violência física e intimidação armada. A chamada “oração da extorsão” é considerada um símbolo da frieza com que a organização agia.
Ao todo, seis suspeitos foram presos: o sargento Póvoa, sua esposa Tatiane, dois policiais militares e dois civis. A apuração teve início após a própria Polícia Militar identificar indícios de participação de integrantes da corporação em crimes graves. Entre os materiais recolhidos na operação estão armas, objetos usados nas agressões e cerca de R$ 10 mil em espécie, parte do valor exibido no vídeo.
- De anos de abandono à morte na Bica: a história do jovem atacado por leoa
- Discurso misógino na prática: influenciador “Red Pill” Calvo do Campari é preso por agressão e tentativa de estupro
- Rede de empresas e offshores é usada para ocultar bilhões ligados à Refit, diz Receita
Outras gravações recuperadas pela polícia revelam a brutalidade das cobranças. Em uma delas, Póvoa aparece armado dentro da casa de uma mulher que havia tomado empréstimo com o grupo. A vítima, visivelmente abalada, é agredida com tapas e insultos. Em outro registro, homens aparecem ajoelhados, chorando, enquanto são espancados com tacos de baseball, cassetetes e chutes. Tatiane também participa ativamente das agressões, golpeando um devedor enquanto grita ordens.
Ex-candidato a vereador pelo PL e apoiador declarado de Jair Bolsonaro, Póvoa usou a imagem do ex-presidente em sua campanha de 2024. Agora, ele e os demais detidos deverão responder por extorsão, tortura, agiotagem, lavagem de dinheiro e outros crimes. As investigações seguem em andamento.
Assista ao vídeo abaixo:
Bookmark
