As fissuras entre os réus e antigos aliados em uma jornada autoritária começam a tomar contornos de oposição aberta. Enquanto parte insiste em negar a existência de um plano golpista, a sustentação do advogado do ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, percorreu outro caminho. Andrew Farias reconheceu a trama e apontou Jair Bolsonaro como seu articulador central, abrindo um conflito de versões que desamarra uma narrativa até então coesa.
Ao admitir que Bolsonaro buscou apoio militar para medidas de exceção, Paulo Sérgio compromete a estratégia de negação do ex-presidente e pressiona figuras intermediárias, como Mauro Cid e Baptista Júnior, cujos depoimentos ganham respaldo inesperado. Para o STF, o contraste entre versões sinaliza não apenas a existência de uma trama estruturada, mas também a fragmentação do grupo que a alimentou. Cada novo gesto processual passa a funcionar como peça de acusação contra os demais, ampliando o isolamento jurídico e político de Bolsonaro.
As defesas ligadas ao núcleo mais próximo do ex-presidente — como as de Walter Braga Netto e Augusto Heleno — reforçaram a tese de que não houve plano organizado e tentaram desqualificar delações como a de Mauro Cid. Essa linha, no entanto, perde força diante da estratégia de Paulo Sérgio, que legitima parte do acervo probatório da Procuradoria-Geral da República ao reconhecer articulações golpistas, ainda que sem sua adesão. O julgamento por tentativa de golpe pode agora se converter em guerra de sobrevivência dentro do próprio núcleo que o concebeu.
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