A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou oficialmente nesta terça-feira (30) o rompimento do convênio de cooperação acadêmica com o Instituto Tecnológico Technion, de Israel, em uma decisão histórica que posiciona a instituição contra o genocídio em Gaza. O anúncio foi feito pelo reitor Antonio José de Almeida Meirelles – que assumiu após a gestão de Montagner – durante sessão do Conselho Universitário (Consu), após intensa pressão da comunidade acadêmica.
No documento oficial publicado no site da universidade, a reitoria justificou a decisão afirmando que acompanhou com “profunda preocupação a escalada das ações do governo israelense contra o povo palestino”. O texto destaca que a situação “se deteriorou de tal forma que as violações aos direitos humanos e à dignidade da população palestina se transformaram em uma constante inaceitável”.
Esta é a terceira vez que a Unicamp se pronuncia sobre o conflito, mas a primeira em que toma uma medida concreta que afeta suas relações internacionais. O acordo com o Technion, uma das principais instituições de tecnologia de Israel, previa intercâmbio de pesquisadores, desenvolvimento de projetos conjuntos e compartilhamento de conhecimento em áreas de tecnologia e inovação.
Pressão estudantil e mobilização histórica
Durante todo o dia, centenas de estudantes mantiveram um acampamento protesto nas imediações da reitoria, aguardando a votação de uma moção que pedia o fim da colaboração com a instituição israelense. A mobilização, organizada por coletivos estudantis e apoiada por docentes, tornou-se um dos maiores atos políticos recentes no campus.
A professora Débora Jeffrey, diretora da Faculdade de Educação, manifestou apoio à decisão em declaração contundente: “Somos pela vida. Somos contra o genocídio”. Sua fala ecoa o sentimento de setores significativos da universidade que têm classificado as ações israelenses em Gaza como um genocídio – termo que também foi utilizado pela Corte Internacional de Justiça em procedimento contra Israel.
A decisão da Unicamp estabelece um precedente importante no cenário acadêmico brasileiro e latino-americano, potencialmente influenciando outras instituições da região a reconsiderarem suas colaborações com Israel.
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