Um novo episódio de confronto ocorreu na USP (Universidade de São Paulo) na sexta-feira (5), envolvendo militantes da União Conservadora, grupo de jovens de direita, e alunos da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). A confusão terminou com um estudante mordido e, em resposta, um integrante do movimento sendo agredido.
De acordo com testemunhas, os militantes entraram no prédio da faculdade e arrancaram cartazes que, segundo eles, seriam “propaganda política comunista”. O ato gerou discussões acaloradas com graduandos da instituição. Em meio à confusão, vídeos registraram o momento em que Mario Fortes, presidente da União Conservadora, mordeu um estudante. Procurado, ele não respondeu aos contatos da imprensa.
A reação dos alunos foi imediata. As imagens mostram militantes sendo expulsos a socos e pontapés, com um deles correndo e caindo ao ser perseguido por estudantes. Esse já é o oitavo episódio do tipo registrado somente em 2025, sempre na mesma unidade da USP. Na véspera, quinta-feira (4), o grupo já havia feito uma incursão semelhante.
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A União Conservadora afirma que suas visitas têm caráter de fiscalização, justificando a retirada de cartazes como uma forma de questionar o uso do espaço público para manifestações políticas. Em entrevista recente, o presidente da entidade disse que o objetivo não é gerar tumulto, mas que a reação dos estudantes seria “excessivamente agressiva”. O movimento tem ganhado força nos últimos meses, ampliando o número de integrantes e recebendo apoio de padrinhos políticos. A meta, segundo seus líderes, é formar jovens conservadores e lançá-los futuramente em disputas eleitorais.
A direção da FFLCH, no entanto, enxerga os episódios como invasões. Em junho, o diretor Adriano Fanjul denunciou o caso à Procuradoria-Geral da USP, pedindo medidas para impedir novas ocorrências, mas até agora não houve providências concretas.
Em nota conjunta, diretório e centros acadêmicos da universidade afirmaram preocupação com a “imobilidade da reitoria frente a esses ataques”, alertando que a falta de ação estaria colocando os estudantes em risco.
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