O Supremo Tribunal Federal iniciou nesta terça-feira (2) um dos julgamentos mais aguardados envolvendo os ataques à democracia. Uma das principais figuras no processo é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e que se tornou um dos algozes do ex-presidente, ao se tornar delator premiado.
Cid responde por uma série de acusações graves, como participação em organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Também está no centro das denúncias de dano ao patrimônio da União e deterioração de bem tombado. A soma de todas as penas previstas deve ultrapassar os 20 anos de prisão, levando em conta as circunstâncias que serão avaliadas pelo ministros durante o julgamento.
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Segundo a Procuradoria-Geral da República, o militar não era apenas um executor de ordens, mas parte estratégica da trama golpista. O órgão aponta que ele atuava como intermediário direto do então presidente, transmitindo instruções e auxiliando na operacionalização de planos que incluíam a chamada “minuta do golpe”. Para o procurador-geral Paulo Gonet, sua colaboração com a Justiça foi importante para desvelar documentos e esquemas de ruptura institucional.
A defesa, por outro lado, insiste que Mauro Cid jamais integrou qualquer conspiração. Advogados afirmam que o oficial cumpria apenas funções administrativas e que, ao colaborar com as investigações, contribuiu de maneira decisiva para o avanço do caso. Eles pedem a preservação dos benefícios previstos no acordo de delação e reforçam que ele não pode ser tratado como articulador ou líder do movimento.
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