Prefeituras de Minas Gerais têm direcionado parte significativa das emendas Pix — repasses parlamentares de uso livre — para custear grandes eventos musicais. O levantamento feito pelo jornal O Estado de Minas mostra que, desde 2023, 91 cidades do estado aplicaram cerca de R$ 34,9 milhões na contratação de artistas, em muitos casos de renome nacional.
Em Pirapetinga, na Zona da Mata, o prefeito Luiz Henrique (PL) anunciou o recebimento de R$ 600 mil em recursos do deputado Bruno Farias (Avante-MG) e destinou parte do valor a shows de artistas sertanejos, entre eles Matheus & Kauan e João Neto & Frederico. Ao todo, o município gastou R$ 2,1 milhões com apresentações musicais nos últimos dois anos.
O uso de verbas públicas para esse tipo de despesa não é considerado ilegal, mas desperta críticas por representar um possível desvio de finalidade, já que as transferências poderiam ser aplicadas em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura.
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Os dados apontam um crescimento expressivo desses gastos em anos eleitorais. Em 2023, foram registrados 48 repasses para eventos culturais. Já em 2024, ano de eleições municipais, o número saltou para 170. Em média, os pagamentos chegam a centenas de milhares de reais, com alguns cachês ultrapassando a marca de R$ 1 milhão.
Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, lidera o ranking dos municípios que mais investiram em shows, com R$ 2,6 milhões destinados a 13 apresentações entre 2023 e 2024. A cidade recebeu artistas como César Menotti & Fabiano, Barões da Pisadinha e Padre Fábio de Melo. Na sequência, aparecem Pirapetinga (R$ 2,1 milhões), Ituiutaba (R$ 1,7 milhão), Gurinhatã (R$ 1,5 milhão) e Itambacuri (R$ 1,2 milhão).
Em Itambacuri, por exemplo, R$ 340 mil foram pagos a Amado Batista em 2023, poucos meses antes da eleição municipal. O levantamento ainda mostra que artistas como Leonardo e César Menotti & Fabiano estão entre os mais beneficiados, com ganhos de R$ 1,9 milhão e R$ 1,05 milhão, respectivamente.
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