O estado de Santa Catarina aparece como o segundo mais prejudicado pelo “tarifaço” articulado entre o governo de Donald Trump e aliados do clã Bolsonaro.
Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as perdas catarinenses somam R$ 515 milhões em exportações — ficando atrás apenas de Minas Gerais (R$ 1,2 bilhão). Na sequência, aparecem São Paulo (R$ 505 milhões), Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (ambos com R$ 477 milhões) e Paraná (R$ 443 milhões).
Embora o prejuízo absoluto seja maior em Minas Gerais, a economia de Santa Catarina é proporcionalmente mais atingida pela dependência de produtos industriais e agroindustriais voltados ao mercado estadunidense.
Os dados do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV) apontam que as tarifas reduziram drasticamente as vendas externas de setores com alta empregabilidade no Sul do país.
O impacto vai além da balança comercial: afeta cadeias produtivas inteiras — da extração de madeira à indústria moveleira e têxtil, passando pela fabricação de calçados e derivados do mel. Essas atividades, intensivas em mão de obra e sustentadas por pequenas e médias empresas, garantem milhares de empregos em cidades como São Bento do Sul, Brusque e Jaraguá do Sul.
Com a perda de competitividade no mercado estadunidense — que até 2024 absorvia quase 15% das exportações catarinenses — o estado vê cair não apenas a arrecadação, mas também a renda de comunidades inteiras.
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Especialistas alertam que, sem medidas urgentes de compensação e diversificação de mercados, Santa Catarina pode enfrentar uma retração prolongada em setores-chave da economia regional.
Em resposta ao impacto do tarifaço e às consequências dos movimentos liderados por Eduardo Bolsonaro, o governo federal lançou um pacote emergencial para reaquecer as exportações e proteger empregos nos estados mais atingidos.
Sob coordenação do ministro Fernando Haddad, o plano inclui linhas especiais de crédito do BNDES e do Banco do Brasil, além de incentivos fiscais temporários para compensar as perdas externas.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) também abriu negociações com países da América Latina, Europa e Ásia para redirecionar parte das vendas bloqueadas pelos EUA.
Em paralelo, a ApexBrasil e o Itamaraty mapeiam novas oportunidades comerciais em feiras internacionais, enquanto o Planalto estuda acionar mecanismos da Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas impostas por Washington.
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