A Sabesp registrou em 2025 o maior volume de retirada de água da história recente na Grande São Paulo, ultrapassando os níveis observados antes da crise hídrica de 2014. Segundo levantamento do Instituto Água e Saneamento (IAS), o sistema integrado de abastecimento chega a operar hoje com apenas 27,9% da capacidade — o menor índice desde 2015.
De acordo com o IAS, a companhia vem captando cerca de 72 mil litros por segundo, volume superior à média dos últimos oito anos. O número indica aumento de consumo e também de perdas na distribuição. O cenário é agravado pela estiagem prolongada e pela redução do regime de chuvas, o que tem dificultado a recuperação dos reservatórios.
A Sabesp justifica o aumento na retirada citando o crescimento populacional e ajustes operacionais. Em nota, a empresa afirmou que o sistema segue os parâmetros definidos por órgãos reguladores, com compensação entre mananciais e redução da pressão noturna da rede para equilibrar o abastecimento. Atualmente, a companhia diminui a pressão por dez horas durante a noite.
- Às vésperas da COP30, licença na Amazônia provoca indignação
- Desmatamento na Amazônia cai 41% em agosto, menor nível desde 2017, revela pesquisa
- Sete dos nove limites planetários da Terra já foram ultrapassados
Especialistas alertam que, apesar das obras de interligação e da expansão do sistema após 2014, São Paulo continua dependente de fontes superficiais, vulneráveis à falta de chuva. Para o IAS, o momento exige políticas de economia, combate a vazamentos e diversificação de fontes — incluindo reúso e captação subterrânea.
O governo paulista trabalha em projetos para reforçar os mananciais, como o reaproveitamento de água tratada em estações de esgoto e a recarga de represas a partir de 2027. Ainda assim, o risco de novas restrições preocupa: se o nível continuar caindo, podem voltar medidas como o uso do volume morto e rodízio de abastecimento entre bairros.
Bookmark