A cineasta brasileira Barbara Marques, conhecida por curta-metragens aclamados como “Dia de Cosme e Damião” (2016) e “Cartaxo” (2020), está detida pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) sob circunstâncias que seu marido, o cidadão americano May, descreveu como “ardilosas e desumanas”.
O caso ocorreu em Los Angeles, onde Barbara comparecia a uma audiência para obtenção do green card – documento que concede residência permanente nos Estados Unidos. De acordo com relatos detalhados publicados por May em suas redes sociais, a cineasta foi detida há cerca de uma semana e meia, ao final do que foi descrito como uma reunião “bem-sucedida” sobre seu status migratório.
Em um depoimento emocionado, May descreveu a estratégia utilizada pelas autoridades: “O policial usou a desculpa de uma copiadora quebrada para induzi-la a se afastar do nosso advogado. Uma vez separada de seu advogado, ela foi presa”. O motivo alegado para a detenção foi uma audiência judicial não comparecida em 2019 – da qual, segundo May, Barbara nunca foi notificada.

A situação tornou-se mais grave quando Barbara foi transferida para um centro de detenção em Adelanto, na Califórnia, e posteriormente para a Louisiana, onde permanece atualmente. May relatou que sua esposa passou por “quase três dias de viagem algemada, com períodos de mais de 12 horas sem comida ou água e com pouco ou nenhum sono”.
Em atualizações mais recentes, ele descreveu condições precárias: “Enquanto escrevo isto, ela está tentando dormir no chão”. Além disso, Barbara estaria tendo tratamento médico negado para um problema nas costas, mesmo com documentação comprovando sua necessidade.
Trajetória artística e repercussão
Barbara Marques iniciou sua carreira como atriz na montagem “O Santo e a Porca”, de Adriano Suassuna, especializou-se em teatro e cinema no Rio de Janeiro antes de se mudar para Los Angeles para aprofundar suas produções. Seu trabalho mais recente, “Basement” (2021, reforça sua posição como uma voz emergente no cinema independente.
O caso tem gerado preocupação na comunidade artística internacional sobre os procedimentos do ICE e o tratamento dado a imigrantes em processo legal de regularização. A transferência para a Louisiana – a milhares de quilômetros de seu local de residência e representação legal – e os relatos de obstrução à comunicação com seu advogado levantaram questões sobre o devido processo legal.
O marido da cineasta tenta manter pressão pública pelo caso, embora tenha deletado algumas publicações horas depois, em uma estratégia que familiares de detidos frequentemente adotam sob orientação jurídica. Até o momento, não há informações sobre uma possível liberação ou data para nova audiência.
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