A Polícia Federal encontrou, em dezembro, um laboratório clandestino em um condomínio de luxo em Mogi das Cruzes (SP), considerado o primeiro do país a manipular o nitazeno, opioide de efeito centenas de vezes mais forte que a morfina. O local funcionava de forma improvisada: folhas vegetais trituradas eram espalhadas no chão, sobre lonas, e borrifadas com a substância.
Na operação, os agentes apreenderam 1,5 kg do pó bege e interceptaram outros quatro pacotes enviados por Correios. Ao todo, em seis meses, o casal investigado teria importado mais de três quilos vindos de Hong Kong, volume que representa metade de todas as apreensões do tipo no Brasil em 2023. Raphael Antônio Marino Costa, de 39 anos, e sua companheira foram presos em flagrante.
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O nitazeno preocupa autoridades em todo o mundo pelo alto risco de overdose. Produzido inicialmente nos anos 1950 como analgésico experimental, nunca chegou a ser liberado para uso médico. Reapareceu em 2019 na Europa e já está associado a mais de 200 mortes por intoxicação. Pesquisadores alertam que muitas vezes usuários nem sabem que estão consumindo a substância, já que ela pode ser misturada a drogas como maconha sintética ou crack.
No Brasil, o caso acendeu o alerta para a chegada de novas drogas sintéticas. O governo incluiu os nitazenos no Sistema de Alertas Rápidos (SAR), que notifica órgãos de segurança e saúde quando surgem variações inéditas. Uma delas, o n-pirrolidino protonitazeno, já foi identificada este ano em exames de um paciente.
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