Que os deputados bolsonaristas não se importam com a opinião pública e a moralidade, já é de conhecimento geral. Mas ao aprovarem o arquivamento do pedido de abertura de processo de cassação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Conselho de Ética da Câmara Federal, na quarta-feira (22), os parlamentares aliados do “clã” de Jair Bolsonaro elevaram a falta de escrúpulos a um novo patamar.
Vivendo desde fevereiro nos Estados Unidos, o deputado tem se dedicado desde então a um único e exclusivo objetivo: punir o país que ele deveria representar, articulando sanções contra o Brasil que causam um prejuízo milionário à nossa economia, com a perda de empregos e a demissão de trabalhadores, apenas para tentar livrar seu pai da cadeia por ter liderado a trama golpista.
Sob qualquer aspecto, a atuação do deputado só comporta uma única definição: traição da pátria. De acordo com o Dicionário Aurélio, um traidor da pátria é aquele que “comete traição, agindo de forma desleal e traiçoeira contra a nação”.
- Conselho de Ética arquiva pedido de cassação de Eduardo Bolsonaro; veja como cada deputado votou
- Após receber milhões de reais para ir à Disney, Eduardo Bolsonaro se vitimiza e usa imagem das filhas para dizer que está em dificuldades
- PGR confirma que Eduardo Bolsonaro e outros parlamentares não podem ser “deputados à distância”
Nesse cenário, o cinismo dos aliados de Eduardo no Conselho de Ética não poderia ser mais eloquente. Amigo da família Bolsonaro, o relator do processo, Delegado Marcelo Freitas (União-MG), argumentou não ter visto quebra de decoro na atuação do filho de Jair nos Estados Unidos contra seu próprio País.
De acordo com seu parecer, tudo que Eduardo fez foi nada mais do que exercer o direito à “liberdade de expressão”. Como se esse direito implicasse também em uma liberdade para não só ameaçar, mas também para cumprir as ameaças e se vangloriar delas publicamente às custas do interesse de uma nação.
Nesse sentido, pode-se dizer que os bolsonaristas do Conselho de “Antiética” da Câmara inovaram ao criar um surpreendente instituto jurídico. Ao invés da “delação premiada”, em que criminosos entregam seus comparsas em troca do perdão ou redução judicial de suas penas, eles instituíram a “traição premiada”, na qual o crime de “lesa pátria” cometido por Eduardo Bolsonaro é condecorado com a certeza da impunidade.
Bookmark