As instituições brasileiras resistiram às investidas intervencionistas que, tratando-nos como republiqueta bananeira de última categoria, exigiram que o judiciário brasileiro se curvasse aos delírios de um ditador psicopata que preside o regime oligárquico de uma decadente nação estrangeira, com apoio de traidores da nossa pátria. Souberam também se impor à arrogância e a prepotência de parte das elites e do aparato estatal que exigiam anistia aos que, atentando contra o Estado de Direito, apoiaram o frustrado golpe de 8 de janeiro de 2023.
Reconheçamos a dramaticidade e a beleza deste momento histórico. Mais importante do que o julgamento de um ex-presidente da República será o julgamento de integrantes da alta cúpula das forças armadas que participaram da mais recente tentativa de Golpe de Estado. Em todas as oportunidades anteriores, exitosas ou não, os golpistas foram anistiados, o que terminou por estimular os golpes seguintes. Nenhum militar, desde que a República foi proclamada por militares golpistas, foi definitivamente punido por atentar contra aa instituições. Essa é peculiaridade deste momento histórico.
Serão julgados três generais quatro estrelas (Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil), o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa) um almirante de esquadra (Almir Garnier, ex-comandante da Marinha) e um tenente-coronel (Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro), além de um ex-ministro da Justiça, policial federal de carreira (Anderson Torres) e de um ex-capitão do exército que exerceu a presidência da República. Não há na história brasileira precedente semelhante.
Com esse julgamento o Brasil se torna grande e apto a ser respeitado internamente. Mais do que o conteúdo das sentenças que forem proferidas é a própria existência deste julgamento em clima de normalidade institucional apesar dos zurros de uns poucos desqualificados no chamado mundo jurídico e do balido cúmplice de alguns políticos extremistas apoiados pelos mugidos eventuais de mentecaptos autoritários, muitos deles imbecilizados pelo fanatismo religioso, que defendem as ditaduras.
Enfim, esse julgamento que hoje se inicia, montado sobre o aparato jurídico constitucional, apesar da indevida tentativa de interferência estrangeira e da explícita traição de alguns irresponsáveis, se constituirá verdadeiramente em uma segunda afirmação de soberania, em um brado retumbante: independência e vida!
Xixo, 02 de setembro de 2025