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É a comunicação também, estúpido!

Lula e Sidônio Pereira
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A comunicação do Governo Lula, sob a regência do ministro Sidônio Pereira, encontrou um norte e conseguiu impor sua marca e mostrar à população o que o Governo faz efetivamente.

Com foco em bandeiras claras, linguagem acessível e atraente para os diversos públicos, narrativa em consonância com o contexto nacional (inclusive pegando carona com dona Odete Roitman), humor e leveza nos textos, cores vibrantes e alegres que resgatam a simbologia nacional, movimento nas peças, agilidade na divulgação, dinâmica para captar os momentos importantes, timing perfeito, a comunicação garantiu a recuperação da imagem do presidente e  do seu Governo.

E não estou falando somente numa produção de peças publicitárias refinadas, anúncios e campanhas. Estou me referindo à construção de uma inteligência comunicacional, uma comunicação PENSADA, cuidadosamente elaborada e estruturada, uma comunicação que se debruça sobre o todo do Governo, que integra todas as partes. Somente assim é possível dar respostas rápidas, efetivas e eficazes aos desafios instantâneos de um mundo midiático – como estamos vendo acontecer. 

É claro que a economia do mundo real segue sendo fundamental – emprego e renda em alta, apesar do boicote da taxa de juros, alimentam os índices de popularidade e boa vontade da população. Mas, no contexto de um mundo midiático, há um detalhe que é essencial: a percepção em relação aos aspectos econômicos precisa ser construída, ela não é naturalmente dada. É preciso desenhar, construir referências, ilustrar, mostrar, para além dos números, que a vida melhorou, que a carne do churrasco está garantida, que viajar de avião é uma possibilidade, que há mais médicos especialistas de graça.  

Este é o grande desafio de uma inteligência comunicacional: construir a percepção num ambiente de boicote e silenciamento. Sim, porque a mídia tradicional boicota os feitos do governo, silencia sobre eles, encobre resultados especialmente positivos, esconde atores políticos importantes, enfim, utiliza diversas estratégias discursivas para ocultar e silenciar. Um exemplo, para ficar claro: em outubro, a Câmara aprovou, POR UNANIMIDADE, a proposta do Governo de isenção do IR para quem ganha até cinco mil reais. No dia seguinte à votação, todos os jornais trouxeram o feito, claro,  mas ressaltando a ação dos deputados, do Congresso. Não se falou em “vitória do Governo”.

No entanto, no começo do ano, quando esse mesmo Congresso chantageava o presidente Lula em relação a essa pauta e a outras ações, o que se via na imprensa era a chamada: “derrota do Governo”. Muito bem, se em um momento há derrota, e isso merece registro e destaque, no outro, quando há vitoria (e vitória expressiva), tal feito deveria ser registrado, certo? Mas não foi o que ocorreu. A mídia encobriu o protagonismo do Governo.  

Portanto, nesse cenário adverso, a comunicação precisa ser capaz não somente de construir a percepção em relação a temas sensíveis (como a economia), mas também de tecer os fios do entendimento, da compreensão das pessoas, numa linguagem clara, acessível, bem-humorada, dinâmica, em sintonia com a vida cotidiana (que não sai nos jornais).

E foi exatamente o que a equipe do ministro Sidônio, em consonância com as ações do Governo Federal, fez: mostrou de modo claro tudo o que estava sendo realizado e de que modo tais ações impactam a vida dos brasileiros. E mais: pautou o debate em relação a temas sensíveis e construiu narrativas potentes e simples, capazes de viralizar.

Então, após o cuidadoso plantio – mesmo com a turbulência das tempestades –, veio o momento da colheita. Vamos aos frutos recentes:

  • Em agosto, o presidente Lula assumiu, pela primeira vez,  a liderança do Índice Datrix dos Presidenciáveis. Criado em janeiro deste ano, o IDP mede o desempenho digital de potenciais candidatos ao Planalto e utiliza inteligência artificial para analisar dados de redes sociais. Na recente sondagem, Lula alcançou 24,39 pontos. Além do aumento em si – uma alta de 15% em relação à sondagem do mês de julho –, outro ponto merece destaque: houve melhora nas menções ao presidente em páginas de influenciadores, de veículos de imprensa e de outros políticos. Ou seja, aumento também do engajamento.
  • Segundo dados da Ativaweb, o presidente Lula se recuperou nas redes sociais e conseguiu alcançar mais 2,5 milhões de seguidores. O desempenho nas plataformas ficou assim, em comparação com dados de dezembro de 2024: Instagram – Lula passou de 13 milhões para 13,8 milhões de seguidores; Facebook – saltou de 5,5 milhões para 5,7 milhões de seguidores; X (antigo Twitter) – o presidente passou de 8,6 milhões para 9,1 milhões de seguidores; TikTok – Lula foi de 4,4 milhões para 5,2 milhões de seguidores (crescimento de mais de 800 mil); Youtube – a conta do presidente passou de 600 mil inscritos para 700 mil. Importante observar as que plataformas têm públicos distintos, e Lula está se comunicando com todos
  • O presidente ganhou espaços importantes também na mídia corporativa – com entrevistas a redes de TV (Globo e Record), canais a cabo, rádios (inclusive no interior dos estados), imprensa internacional (NYT, New Yorker, BBC) 
  • A última pesquisa Quaest, divulgada em 8 de outubro, revela aspectos muito significativos para além dos números: distância entre aprovação e desaprovação da gestão Lula cai de 17 pontos para um ponto: 48% aprovam o governo, 49% desaprovam; o apoio ao Governo aumentou dois pontos desde a última sondagem, e a rejeição recuou na mesma proporção; a aprovação de Lula dispara entre os mais ricos no último mês (entre os que ganham acima de cinco mínimos, 45% aprovam o presidente); a aprovação do presidente entre os que ganham até dois mínimos se manteve estável em 54%; o tema da reforma do IR é conhecido por 68% dos brasileiros, e 79% aprovam a proposta de isenção; a conversa com Trump é conhecida por 57% dos brasileiros entrevistados, desses, 49% acreditam que Lula saiu “politicamente mais forte”
  • 44% dos entrevistados disseram saber do discurso do presidente na ONU; desses, 52% dizem que a fala do PR foi boa.

A estratégia de comunicação colocada em prática foi capaz de conduzir as pessoas à percepção de que as ações do Governo, tendo à frente o presidente Lula, garantiram a melhora de vida para todos. E a tessitura desse fio foi, é e será essencial.

Eliara Santana

Jornalista e Docente, Eliara Santana pesquisa desinformação e democracia. Também coordena o Desinformação & Política e integra o Observatório das Eleições.

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