Mohamad Hussein Mourad, conhecido como “Primo”, investigado por suposta lavagem de dinheiro para a facção criminosa PCC, articulou uma complexa operação para ocultar um patrimônio de R$ 57 milhões em imóveis de alto padrão por meio de manobras com gestoras financeiras da renomada região da Faria Lima, em São Paulo. As informações são da Receita Federal, que desvendou o esquema.
De acordo com as investigações, os imóveis — que incluem casas de luxo, armazéns, postos de combustível e motéis na capital paulista e região metropolitana — foram transferidos de forma simulada para o Fundo de Investimento Imobiliário Los Angeles, administrado entre 2021 e 2024 pela gestora Reag. Tanto a Reag quanto Mourad são alvos de investigação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal.
Manobra com venda fictícia para o fundo
A Receita Federal identificou que, a partir de 2021, 22 propriedades foram formalmente “vendidas” por uma empresa em nome da esposa de Mourad para o fundo Los Angeles. Na prática, tratou-se de uma operação de fachada, sem movimentação financeira real, com o objetivo de dissociar os bens dos seus verdadeiros controladores e dificultar o rastreamento pela Justiça.
Entre os ativos mais valiosos estão:
- Um galpão logístico localizado em Osasco, com valor fiscal de R$ 12,4 milhões;
- Um motel situado às margens da rodovia Fernão Dias, avaliado fiscalmente em R$ 12,2 milhões.
Dupla encontra-se foragida
Mohamad Hussein Mourad e outro suspeito apontado como co-líder da organização, Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, estão foragidos desde o dia da operação que desencadeou as investigações. Ambos possuem mandados de prisão em aberto expedidos pela Justiça Federal.
A utilização de estruturas sofisticadas de fundos imobiliários e gestoras de investimento evidencia a tentativa de integrar recursos de origem ilícita ao mercado formal, conferindo aparência de legalidade a um patrimônio construído à sombra do crime organizado.
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