A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (31) a oitava e mais recente fase da Operação Overclean, destinada a desmontar o braço do esquema que passou a espionar a própria PF no Tocantins para avisar investigados e atrapalhar diligências sobre fraudes em emendas parlamentares e contratos federais.
A ação teve apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal e cumpriu mandados em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e no próprio Tocantins.
No alvo desta fase está o grupo acusado de proteger a organização criminosa que, desde 2024, já havia movimentado cerca de R$1,4 bilhão em recursos públicos desviados de obras e convênios federais.
Segundo a PF, esse núcleo atuava acompanhando a rotina da superintendência no Tocantins, e tentava antecipar operações e repassava alertas a políticos, empresários e servidores já alcançados nas fases anteriores. A blindagem vinha justamente do uso de emendas parlamentares pulverizadas e de licitações direcionadas para prefeituras aliadas.
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Os agentes também fizeram sequestro de bens e aprofundaram a trilha que partia do núcleo instalado na Bahia — onde se concentrava o direcionamento de emendas e licitações superfaturadas junto ao DNOCS, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, órgão federal usado para bancar obras no Nordeste e, por isso, historicamente visado por apadrinhamento político.
Autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, a etapa mirou diretamente Danilo Pinto da Silva e o ex-secretário-executivo de Educação do Tocantins, Éder Martins Fernandes, presos por tentar monitorar a superintendência da PF no estado e antecipar operações.
A Overclean está em curso desde 2024 e se firmou como operação em “camadas”: primeiro expôs o núcleo que fraudava licitações e direcionava emendas para municípios controlados por aliados na Bahia; depois avançou sobre políticos, prefeitos e ex-gestores que operavam junto ao DNOCS; e, nas fases mais recentes, passou a atingir justamente o setor que garantia a sobrevivência do esquema — o da obstrução.
Em menos de um ano, isso se traduziu em mais de 150 mandados cumpridos em oito estados e no DF, ao menos 20 prisões, afastamento de prefeitos e servidores, bloqueio judicial de mais de R$ 85 milhões e apreensão de patrimônio de luxo de alto valor.
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