Em um contundente artigo de opinião publicado no jornal americano The New York Times nesta sexta-feira (12), os cientistas políticos Steven Levitsky, professor de Harvard e coautor do best-seller “Como as Democracias Morrem”, e Filipe Campante, da Universidade Johns Hopkins, argumentam que o Brasil obteve sucesso onde os Estados Unidos falharam: ao responsabilizar judicialmente um ex-presidente que tentou subverter a democracia.
A análise contrasta a condenação de Jair Bolsonaro pelo STF na quinta-feira (11) com a impunidade de Donald Trump nos EUA, que, após tentativas similares de reverter uma eleição, não apenas não foi preso, como retornou à presidência.
Esses acontecimentos contrastam fortemente com os Estados Unidos, onde o presidente Trump, que também tentou reverter uma eleição, não foi preso, mas retornou à Casa Branca
afirmam os autores.
Na prática, o governo dos EUA está punindo os brasileiros por fazerem algo que os americanos deveriam ter feito, mas não fizeram: responsabilizar um ex-presidente por tentar reverter uma eleição
concluem.
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Os analistas traçam paralelos entre as duas nações, que na última década elegeram presidentes com “instintos autoritários” que, ao perderem a reeleição, atacaram as instituições democráticas para se manter no poder. A divergência crucial, defendem, está na resposta a essas ameaças.
Enquanto o Brasil, por meio de seu Supremo Tribunal Federal, agiu com firmeza diante de “provas volumosas” de um plano para reverter a eleição de 2022 — que incluía até mesmo supostos planos de assassinato —, os Estados Unidos teriam falhado em seus freios e contrapesos constitucionais.
Os dois impeachments de Trump não surtiram efeito, e ele pôde concorrer novamente em 2024 “apesar de seu comportamento abertamente autoritário”. Esse fracasso institucional, argumentam os professores, teve um custo alto: um segundo mandato trumpista que tem sido “abertamente autoritário”, utilizando o aparato estatal para punir críticos, ameaçar rivais e intimidar setores da sociedade civil, desafiando constantemente a lei e a Constituição.
O artigo encerra com um elogio à postura do STF, que tratou a denúncia com a seriedade necessária, enviando uma mensagem clara de que tentativas de golpe não serão toleradas — um exemplo de resiliência democrática que, segundo Levitsky e Campante, os Estados Unidos deixaram de seguir.
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