O Brasil se despede de Silvio Tendler, um dos maiores documentaristas da história do cinema nacional. O cineasta morreu na manhã desta sexta-feira (5), aos 75 anos, no Hospital Copa Star, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela produtora Caliban, fundada por ele, que também anunciou que o velório será realizado no domingo (7), no Cemitério Comunal Israelita do Caju.
Tendler deixa um legado de mais de cem obras, entre curtas, médias e longas-metragens, além de uma filha, neto, amigos e centenas de ex-alunos. Reconhecido por retratar episódios marcantes da política e da história brasileira, ele se destacou com filmes sobre presidentes, como Os anos JK — Uma trajetória política (1980), Jango (1984) e Tancredo: A travessia (2011). Seu documentário O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981) permanece como o filme nacional de maior bilheteria de seu gênero, com 1,8 milhão de espectadores.
Ao longo de mais de quatro décadas, Tendler também produziu obras sobre intelectuais, artistas e pensadores brasileiros, incluindo Josué de Castro, Milton Santos, Glauber Rocha e Ferreira Gullar. Além de diretor, atuou como professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro por décadas, formando várias gerações de cineastas.
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Sua trajetória começou nos anos 1960, nos cineclubes do Rio de Janeiro. Após produzir seu primeiro filme em 1968, sobre a Revolta da Chibata, decidiu abandonar o curso de Direito para se dedicar integralmente ao cinema. Tendler enfrentou a ditadura militar, foi réu de inquérito e precisou se exilar no Chile e na França, onde concluiu estudos em História e Cinema. Retornou ao Brasil no final dos anos 1970 e iniciou o trabalho que consolidaria sua carreira.
O cineasta também esteve envolvido com política e cultura, atuando como secretário de Cultura no Distrito Federal e coordenando projetos audiovisuais ligados à Unesco. Durante a pandemia, foi fundamental para a realização do Festival de Cinema de Brasília e lançou seu último longa, O Futuro é Nosso!, realizado via videoconferência.
Autor de uma obra marcada pelo compromisso com a memória histórica e a justiça social, Tendler recebeu prêmios nacionais e internacionais, incluindo a Ordem do Mérito Cultural, concedida neste ano, e a Ordem de Rio Branco, em 2006. Personalidades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a atriz Julia Lemmertz e a deputada Jandira Feghali prestaram homenagens, ressaltando seu olhar crítico e sensível sobre o Brasil.
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