Em mais um momento do julgamento, o ministro Alexandre de Moraes estabeleceu uma ligação direta e explícita entre o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro e as ações dos invasores dos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Moraes citou trechos de uma live realizada por Bolsonaro em julho de 2022, na qual o então presidente:
- Atacou a credibilidade das urnas eletrônicas;
- Afirmou que as Forças Armadas deveriam “acolher o chamamento do povo”.
O ministro foi taxativo:
É exatamente o mesmo discurso utilizado por aqueles que foram presos em 8 de janeiro de 2023
Além disso, Moraes destacou a presença de duas figuras-chave durante a live: Anderson Torres, então ministro da Justiça; Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
E questionou:
Por que, coincidentemente com a presença de ambos, o presidente Jair Bolsonaro fala, de um lado, que não há credibilidade na Justiça Eleitoral e, no outro, pede apoio das Forças Armadas, citando o ministro Augusto Heleno?
O argumento reforça a tese do Ministério Público de que Bolsonaro não apenas incitou a desconfiança no sistema eleitoral, mas também articulou—ou tentou articular—apoio institucional para interromper o processo democrático, criando um ambiente propício para a escalada de violência que culminou no 8 de janeiro.
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A fala de Moraes deixa claro que o tribunal enxerga uma linha contínua entre a retórica bolsonarista e a insurgência antidemocrática.
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