Três dias após a passagem de um ciclone extratropical pela Grande São Paulo, milhares de moradores ainda convivem com a falta de energia elétrica e sem qualquer previsão clara de restabelecimento. A Enel, concessionária responsável pelo fornecimento, passou a classificar parte das ocorrências como de “alta complexidade” e admite que, nesses casos, não há prazo definido para a normalização do serviço.
De acordo com dados divulgados ao longo deste sábado (13), cerca de 355 mil imóveis permaneciam sem luz na Grande São Paulo, sendo aproximadamente quase 249 mil apenas na capital. A interrupção prolongada tem provocado impactos diretos na rotina da população, com prejuízos financeiros, perda de alimentos e dificuldade para trabalhar, especialmente entre profissionais que dependem de internet e energia para exercer suas atividades.
Moradores de regiões centrais, como Campos Elíseos e Bela Vista, e de bairros da zona leste relatam frustração com a comunicação da empresa. Muitos afirmam receber mensagens automáticas informando que equipes estariam atuando nos locais, sem que técnicos sejam vistos nas ruas.
O atendimento por telefone e pelo site também tem sido alvo de críticas, com queixas sobre respostas padronizadas e dificuldade para registrar novas reclamações.
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A situação se agrava em residências com idosos e pessoas com problemas de saúde, onde a falta de energia compromete desde a conservação de alimentos até necessidades básicas, como banho quente e uso de equipamentos elétricos. Em alguns bairros, moradores têm recorrido à compra de gelo para tentar evitar perdas maiores.
Além dos transtornos domésticos, o apagão afetou serviços essenciais. Centenas de semáforos ficaram desligados, provocando congestionamentos intensos. O transporte público sofreu atrasos, aeroportos registraram cancelamentos de voos e a Sabesp alertou para falhas no abastecimento de água em diversos bairros e municípios da região metropolitana.
A Enel atribui o cenário aos ventos fortes, que chegaram a quase 100 km/h, derrubaram árvores e danificaram trechos inteiros da rede elétrica. Segundo a empresa, alguns pontos exigem reconstrução completa da infraestrutura, com troca de postes, transformadores e longos trechos de cabos. Apesar do reforço de equipes em campo, a concessionária ainda evita cravar uma data para o retorno total da energia.
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