Skip to content Skip to footer

Mesmo com condenação provável, defesa de Bolsonaro ganha brecha no STF

Foto: (Mateus Bonomi/AFP)

O julgamento da chamada “trama golpista” no Supremo Tribunal Federal (STF) teve um desdobramento que, embora não mude imediatamente o destino de Jair Bolsonaro e de outros sete réus, pode abrir caminho para futuros recursos da defesa. O voto do ministro Luiz Fux, proferido nesta quarta (10), trouxe exatamente os elementos jurídicos que os advogados do ex-presidente buscavam para tentar contestar a esperada condenação mais à frente.

A defesa de Bolsonaro e dos demais acusados tinha consciência de que a Primeira Turma do STF dificilmente absolveria os réus. Ainda assim, insistiu em teses preliminares, como a alegação de incompetência do Supremo para julgar o caso, a necessidade de levar o processo ao plenário e a denúncia de cerceamento de defesa pelo volume de provas incluídas em pouco tempo.

Essas linhas de argumentação foram apelidadas nos bastidores de “teoria Zanin”, em referência à estratégia utilizada por Cristiano Zanin, hoje ministro do STF, que conseguiu anular condenações de Lula alegando falhas processuais.

Ao apresentar seu voto, Fux acolheu justamente esses pontos. Ele afirmou que os réus não possuem prerrogativa de foro e defendeu que, se o julgamento está no Supremo, deveria ocorrer no plenário, e não em uma das turmas. O ministro citou inclusive o precedente da anulação de processos do ex-presidente Lula, reforçando a necessidade de isonomia.

Outro aspecto destacado foi o que chamou de “tsunami de dados”: a inclusão massiva de informações em prazo curto, o que, segundo Fux, configuraria restrição ao direito de defesa. Para ele, decisões justas não podem ser tomadas sem que todas as partes tenham condições adequadas de se manifestar.

O voto, ainda que não suficiente para alterar o resultado imediato, foi recebido com entusiasmo pelos advogados. Nos corredores, já se fala em vitória parcial: mesmo com a provável condenação, a defesa de Bolsonaro ganha um novo argumento para, no futuro, tentar reverter o julgamento, caso o ambiente político e jurídico se mostre favorável.

Assim, a análise de Fux não apenas mexeu com a dinâmica do julgamento atual, como também lançou as bases para uma disputa que promete se estender nos próximos anos.

Bookmark

Henrique Romanine

Jornalista, colecionador de vinil e apaixonado por animais, cinema, música e literatura. Inclusive, sem esses quatro, a vida seria um fardo.

Mais Matérias

Congadar: congado psicodélico de MG na resistência contra o racismo e a intolerância

Banda Congadar, de Sete Lagoas, combina guitarras com ritmos derivados de religiões de matriz africana e letras politizadas
30 out 2025

Conheça Thiagson, o professor que defende o funk como caso de política, e não de polícia

Na CPI dos Pancadões, ele expôs o racismo e o moralismo que cercam o funk
01 nov 2025

Operação Contenção: só 42 dos 99 mortos tinham mandado de prisão

O saldo mostra que a maioria dos mortos não era alvo direto da operação
01 nov 2025

Denúncia anônima leva polícia a resgatar homem vítima de cárcere e estupro em Goiânia

A vítima estava trancafiada, com sinais de agressões e em visível estado de desnutrição
01 nov 2025

Jovem morre após ser baleada na cabeça durante tiroteio na Linha Amarela, no Rio

A vítima era passageira de um carro por aplicativo quando levou um tiro na cabeça
01 nov 2025

Operação Nuremberg mira grupo neonazista com atuação em quatro estados

De acordo com o Ministério Público, as investigações apontam que os integrantes promoviam discursos de ódio, antissemitismo e apologia ao nazismo

Como você se sente com esta matéria?

Vamos construir a notícia juntos

Deixe seu comentário