“amnd” (abatido mas não derrotado) é o novo EP do LVCAS, um trabalho que o consolida como músico e compositor. Sucedendo o álbum “Humanamente” (2024), que serviu como um laboratório experimental de possibilidades, este novo projeto representa o encontro do artista com uma identidade sonora mais precisa.
O EP traz cinco faixas, “mea culpa”, “bico do corvo”, “refém”, “e se?” e “oroborus”, três delas com videoclipes. A obra consolida um trabalho mais centrado, com uma narrativa de conflitos pessoais, transitando entre a culpa e a recusa em desistir, mesmo quando se está “apanhando em todos os setores da vida”.
O projeto representa um passo decisivo em direção a um som mais coeso, pesado e ressonante, onde o artista escolhe sua própria linguagem como compositor e produtor. “amnd” nasce de um momento crucial da vida do Lucas, uma fase conflituosa e reflexiva, onde questiona suas escolhas, sua direção e seu propósito como artista.
O título do EP é literal e poético, fala sobre a resiliência não como negação da dor, mas para recusar a derrota como destino. As emoções que atravessam o EP são introspectivas, a culpa e o dilema do perdão. O lírico fala sobre ciclos que se repetem, sobre erros que se perpetuam, mas, acima de tudo, fala sobre a escolha de continuar em frente.

O universo visual do EP é construído sobre cenários de abandonos com uma estética “suja” apresentada nos clipes “mea culpa” e “bico do corvo”, reforçando a sensação de um “inferno astral” materializado. O artista se apresenta de forma vulnerável fisicamente, mas forte mentalmente, criando uma conexão direta com o público que também enfrenta suas próprias batalhas silenciosas.
Tecnicamente, amnd puxa fortemente para o metal moderno integrado com nu-metal, metalcore e toques industriais. Cada faixa explora um espectro distinto, flutuando entre referências como Korn, Limp Bizkit, The Prodigy e Rammstein.
A evolução técnica em relação ao trabalho anterior está na substituição das baterias programadas pela gravação orgânica do baterista Bruce, trazendo uma dinâmica “viva” para as faixas. A produção é mais centrada, trocando a variedade excessiva por uma identidade sonora sólida e “suja”, com a presença de breakdowns agressivos.
“mea culpa” abre o EP, porque marca um ponto de metamorfose para o compositor. Mostra o que mudou, o maior peso maior. É um susto proposital em um contexto musical já conhecido.
Para o público que conhece o LVCAS apenas por Inutilismo, “amnd” é a prova de que a música não é uma aventura passageira ou presa em retrospectivas anuais. Este EP firma o pé no chão, mostrando conscienciência, evolução técnica e o amadurecimento em forma sonora. O recado é claro:
“amnd” é a confirmação de que LVCAS não é um fenômeno passageiro da internet, mas um artista com visão, profundidade e propósito. É um EP sobre estar apanhando mas não desistir, sobre ciclos que se repetem mas podem ser quebrados, sobre a estrada trilhada e a estrada não trilhada.
Com sonoridade coesa, produção madura, letras sinceras e identidade visual clara, AMND abre caminhos para shows, turnês e uma base de fãs cada vez mais consolidada.
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