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Jornalista conta em livro a história da cientista Clara Pandolfo

A cientista Clara Pandolfo. (Foto: Divulgação)

O jornalista, historiador e escritor Murilo Fiuza de Melo lança hoje, 1º de setembro, no Palacete Faciola, em Belém, o livro “Clara Pandolfo, uma cientista da Amazônia”, a história de uma paraense que viveu à frente do seu tempo, lutando pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia e ocupando espaços dominados pelos homens desde o início do século XX.

O livro faz parte de um grande projeto, que inclui ainda um minidocumentário e um site, além de ciclo de palestras com estudantes de ensino médio e de universidades do Pará. O objetivo é resgatar a história da grande cientista paraense, hoje pouco conhecida pelas novas gerações da Amazônia e do país. O projeto tem patrocínio master da Vale e conta com o Instituto YUDQS como patrocinador na cota de apoio.

Inspiradora e incentivadora, pioneira na emancipação feminina, na década de 1930 participou do movimento feminista em defesa do voto da mulher e do sufrágio universal no país, Clara Pandolfo foi a primeira mulher a se formar em química na região Norte, aos 17 anos, em 1929, e uma das cinco primeiras do país. Desde os anos de 1930, segundo Murilo Fiuza de Melo, que é neto da cientista:

Clara enfrentou diversas barreiras impostas às mulheres e que perduram até hoje, mas conseguiu deixar um relevante legado de vida pública

Clara Pandolfo utilizou conceitos de economia e ecologia para defender o manejo florestal sustentável, décadas antes de sua implementação no país, e teve a ideia de usar satélite para registro e localização de desmatamento na Amazônia ainda no início dos anos 1970.

A única ocupação econômica que não destrói a cobertura florestal é a exploração florestal organizada, que permite a utilização desses recursos indefinidamente

afirmou a cientista, em maio de 1972.
(Imagem: Divulgação)

Filha do comerciante português Albano Augusto Martins e da paraense Judith Barreau do Amaral Martins, Clara Barreau do Amaral Martins nasceu em Belém, no dia 12 de junho de 1912. Nos anos de 1930, conheceu Rocco Raphael Pandolfo, gaúcho de Porto Alegre que se mudara para a capital paraense no fim da década de 1920 em busca de emprego. Os dois se casaram em 1936, quando Clara adotou o sobrenome que passou usar na vida profissional. O casal viveu junto por 50 anos e teve três filhos: Vera, Sérgio (o médico ginecologista e escritor Sérgio Pandolfo) e Maria Lúcia.

Em 1930, Clara graduou-se pela então Escola de Chimica Industrial do Pará, dirigida pelo renomado naturalista francês Paul Le Cointe, tornando-se a primeira mulher da região Norte a formar-se nessa disciplina e uma das cinco primeiras no país. Como trabalho de graduação, apresentou a monografia “Contribuição ao estudo químico das plantas amazônicas”, ponto de partida para uma trajetória pessoal e profissional voltada à discussão das questões regionais e à utilização dos recursos naturais amazônicos.

Clara foi a última diretora da Escola de Química Superior do Pará antes da sua incorporação pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Em sua gestão, de janeiro de 1961 a janeiro de 1964, a cientista conseguiu implantar o Laboratório de Análise Espectral, inaugurado em 1963, por meio de convênio com a SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia), instituição que antecedeu a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). O laboratório contava com equipamentos de ponta comprados no exterior.

A cientista Clara Pandolfo morreu aos 97 anos, em 2009. Para o escritor Murilo Fiuza de Melo, a trajetória da cientista mostra a importância “de se pensar a Amazônia” e fazer ciência com foco no desenvolvimento sustentável.

O projeto ‘Clara Pandolfo, uma cientista da Amazônia’ tem o papel de fomentar debates e registrar que a ciência pode e deve ser produzida na Amazônia e por mulheres. Clara Pandolfo é um ponto de prova que serve para motivar e inspirar novas gerações de estudantes na busca pelo conhecimento. Para mim, como jornalista e historiador, é uma honra contar esta história

afirmou.

O livro impresso será distribuído a todas as escolas de ensino médio e bibliotecas públicas do Pará, e pode ser baixado gratuitamente no site www.clarapandolfo.online, a partir de 1º de setembro. Uma versão em audiobook também está disponível, assim como o minidocumentário sobre a vida da cientista. A iniciativa está alinhada ao movimento liderado pela UNESCO e pela ONU Mulheres que visa incentivar a inclusão de mulheres e meninas na ciência.

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Aquiles Marchel Argolo

Participante

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