Em reunião em Genebra, países demonstraram total descontentamento com os ataques estadunidenses contra o Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, há algumas semanas, que o Brasil recorreria à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras. Promessa feita, na quarta-feira (23), o Governo Federal realizou uma reunião em Genebra e conseguiu o apoio de cerca de 40 governos, incluindo Rússia, Índia, China, UE e Canadá. Em resposta, representantes estadunidenses seguem dizendo que as ações de Trump são apenas “reverter a situação desfavorável para os EUA”.
O embaixador Philip Fox-Drummond Gough, secretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, foi direto em apontar a evidente chantagem feita pelo governo estadunidense com as ameaças de tarifas, incluindo chantagens internas, como no caso do Brasil, onde Trump citou como uma das razões para a aplicação de tarifas de 50% o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Governo Lula tem defendido que o uso de barreiras comerciais como “ferramenta de ingerência em assuntos internos” — referência indireta à exigência de Trump sobre o caso Bolsonaro — representa uma “mudança extremamente perigosa”. O Brasil reafirmou seu compromisso com o Estado de Direito e a separação de poderes, rebatendo tentativas de pressão externa.
O Itamaraty sinalizou que vai priorizar a negociação diplomática, mas não descarta recorrer ao sistema de controvérsias da OMC se as tratativas falharem.
Usaremos todos os meios legais para defender nossa economia e nosso povo
disse o embaixador.
Gough ecoa o posicionamento do presidente Lula, que em artigo recente defendeu a “reconstrução do multilateralismo” como resposta à instabilidade global.
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