O governo de São Paulo recusou a ajuda da Polícia Federal na apuração do assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, executado no litoral paulista. Em vez de reforçar a transparência, o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite (PL), preferiu blindar a investigação sob controle exclusivo da Polícia Civil de São Paulo.
Em um movimento que abre espaço para questionamentos, Derrite rejeitou qualquer interferência que pudesse escapar ao seu comando. Mesmo com a responsabilidade de identificar os executores de um inimigo histórico de uma das maiores organizações criminosas do país, limitou-se a agradecer o “apoio da Polícia Federal”, afirmando:
Se eles tiverem alguma informação e quiserem colaborar, obviamente vai ser bem aceito. Nosso objetivo é prender os criminosos. Todos nós estamos desprovidos de eventual vaidade, porque nós somos policiais e polícia é um órgão de estado, não de governo. E eu confio 100% no trabalho da Polícia Civil do Estado de SP
disse Guilherme Derrite.
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O silêncio e a pressa em afastar a Polícia Federal ganham ainda mais peso diante das suspeitas que cercam a cúpula do governador Tarcísio de Freitas, afinal, não faltam indícios estranhos. Relatórios do Ministério Público já apontaram vínculos de agentes públicos com facções, investigações recentes mostraram a infiltração do PCC em contratos de segurança privada no litoral e, mais de uma vez, o governo paulista hesitou em abrir informações sensíveis sobre operações contra a organização. Além de não dissipar dúvidas, a recusa em aceitar o apoio federal parece reforçá-las. Por que, afinal, tamanha resistência a uma investigação compartilhada?
As declarações foram feitas no velório de Ruy Ferraz Fontes, em Praia Grande. A cerimônia durou até o início da tarde e foi seguida do sepultamento, realizado em São Paulo, conforme o desejo da família.
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