A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de aliados no processo do golpe abriu uma nova frente de disputa política: a pressão pela anistia no Congresso. Embora considerada improvável neste momento, a possibilidade de votação do tema na Câmara já movimenta tanto a base governista quanto a oposição.
Líderes do Centrão e do bolsonarismo tentam aproveitar o clima pós-julgamento para forçar o presidente da Casa, Hugo Motta, a pautar um projeto de anistia em regime de urgência já na próxima semana. Motta, no entanto, resiste. Fontes próximas ao deputado afirmam que ele não deseja enfrentar o Supremo Tribunal Federal, que encerrou o julgamento apenas ontem, nem desgastar sua posição de equilíbrio político.
A dificuldade da oposição também está na falta de consenso interno: parte defende uma anistia ampla, geral e irrestrita, enquanto outra prefere uma proposta mais restrita, limitada a redução de penas para condenados pelos atos de 8 de janeiro.
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Do lado do governo, a ordem é clara: trabalhar para barrar qualquer iniciativa. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reiterou que o Executivo é contrário a qualquer tipo de anistia. Apesar disso, nos bastidores, o Planalto já admite que poderá ser obrigado a enfrentar o tema em plenário e prepara estratégias para derrotar a proposta, caso seja colocada em votação.
Hoje, a oposição diz ter 280 votos assegurados, número acima dos 257 necessários. O desafio do governo, portanto, seria reverter pelo menos 24 parlamentares para impedir a aprovação. A disputa, que parecia distante, pode ganhar força já nos próximos dias.
A decisão final está nas mãos de Hugo Motta, que terá de abandonar a postura de neutralidade e assumir um lado, mesmo sabendo que isso significará desagradar parte do tabuleiro político.
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