Em Brasil no espelho, Felipe Nunes convida o leitor a encarar o reflexo do país no mais amplo estudo já realizado sobre valores, ideias e crenças dos brasileiros. Baseado em uma pesquisa feita com quase 10 mil pessoas, o livro lançado pela Globo Livros revela um retrato surpreendente do brasileiro contemporâneo — um povo diverso, contraditório e em intenso processo de mudança.
Desde a onda de protestos de 2013, o Brasil vive um período de transformações sociais, políticas e culturais sem precedentes. Na obra, Nunes combina rigor metodológico e sensibilidade analítica para examinar as contradições, características e aspirações que moldam a identidade nacional. A pesquisa, desenvolvida pela Quaest, mapeia 137 índices organizados em 11 dimensões — de religiosidade e família a honestidade, meritocracia, ideologia e confiança — e oferece um panorama inédito sobre o país que emerge de suas próprias percepções. Revela um Brasil para além dos clichês, que mantém velhas crenças, mas surpreende com avanços. A obra revela um Brasil de fé e família, conservador, empreendedor, orgulhoso de sua cultura, mas inseguro e ressentido, que vê no punitivismo ao outro uma solução.

Nunes inova em dois campos. Primeiro, apresenta uma nova forma de entender os brasileiros, por meio de nove segmentos baseados em suas bolhas e identidades – a combinação de seus valores, interesses e desejos. Essa nova forma de classificar os brasileiros apresenta quem é o militante de esquerda e a extrema direita, passando pelos conservador-cristãos, o liberal social, os progressistas, o agro, a classe DE, os empresários e os empreendedores individuais.
Segundo, o autor também propõe um outro arranjo da população em relação às faixas etárias a partir de uma nomenclatura baseada nos contextos históricos que moldaram cada época no Brasil. A nova divisão etária ficou assim: a Geração Bossa Nova (nascidos entre 1945 e 1964), marcada pelo fim da Era Vargas na primeira democracia do país; a Geração Ordem e Progresso (1965–1984), formada durante a ditadura militar e o chamado milagre econômico; a Geração Redemocratização (1985–1999), que cresceu na volta da democracia e na esperança de que o Brasil seria o país do futuro; e a Geração.Com (2000–2009), os primeiros nativos digitais. Essa classificação revela como cada grupo carrega visões distintas — e, às vezes, conflitantes — sobre religião, política, trabalho e o próprio futuro do país.
Mais do que um diagnóstico, a obra propõe uma reflexão essencial sobre como nossos traços culturais e comportamentais influenciam o desenvolvimento nacional — e como compreender essa complexidade pode orientar políticas públicas, negócios e estratégias de comunicação.
“Este não é um livro sobre o que eu acho que é o Brasil ou como ele deveria ser. É um espelho objetivo sobre o Brasil que capturamos por meio da maior pesquisa já feita no país sobre os valores e atitudes dos brasileiros. O livro revela em detalhe que não há um único Brasil, há vários. Convivem aqui um país tão conservador quanto o Zimbábue e outro tão liberal quanto a Suécia — e é nessa tensão que vivemos”, afirma Felipe Nunes.
Com linguagem clara e olhar analítico, Brasil no espelho é uma fonte poderosa para compreender a alma do país e os caminhos possíveis para o futuro que queremos construir.
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