Depois de ficar isolado por ter sido o único a votar pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luiz Fux pediu e foi autorizado a ser transferido para a Segunda Turma da Corte. Ele vai ocupar a vaga aberta pela saída de Luís Roberto Barroso. Na prática, mais do que escapar do isolamento, o que o magistrado pretende com a iniciativa criar um “polo bolsonarista” no tribunal.
Além de Fux, a Primeira Turma – responsável pelo julgamento dos réus da trama golpista – era até então composta pelos ministros Alexandre de Moraes – relator do processo -, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Nessa configuração, Fux era voto vencido como representante do bolsonarismo no colegiado.
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Inicialmente, com a aposentadoria antecipada de Barroso, a vaga na Segunda Turma seria ocupada pelo novo ministro a ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O nome mais cotado é o do Advogado-Geral da União, Jorge Messias. Nesse caso, além de Messias, a composição desse colegiado teria os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Nunes Marques e André Mendonça.
Os dois últimos foram indicados pelo Jair Bolsonaro, e como tal, votaram pela anulação do processo do golpe contra o ex-presidente, ou por penas menores para os réus dessa ação e da que apura os responsáveis pelo 8 de janeiro. Assim, a correlação de forças se manteria com dois magistrados (Nunes Marques e Mendonça) alinhados ao bolsonarismo, e os outros três (Mendes, Toffoli e o novo indicado de Lula), com a disposição de punição rigorosa aos golpistas.
Ao se transferir para a Segunda Turma, Fux “embaralha” o jogo. Junto com Nunes Marques e Mendonça, ele formará no colegiado um contraponto à Primeira Turma, já que a “bancada bolsonarista” passaria a ter maioria de 3 a 2 no colegiado.
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