O governo federal autorizou, no dia 28 de agosto, o emprego da Força Nacional de Segurança Pública por 90 dias nas terras indígenas de Tapauá e Lábrea, no sul do Amazonas.
A medida, assinada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, reforça o Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS) em uma região marcada por invasões ilegais, avanço do garimpo e do agronegócio, presença de narcotráfico e denúncias de abandono institucional da Funai.
O envio de tropas busca proteger povos isolados da Terra Indígena Mamoriá Grande, frente à escalada da violência e do desmatamento em um dos territórios mais pressionados da fronteira amazônica.
Nos últimos meses, a região registrou episódios de tensão que reforçam a urgência da medida. Em Tapauá, lideranças indígenas denunciaram o ataque a um cacique dentro da Casa de Saúde Indígena em janeiro de 2025, além de outras agressões e conflitos administrativos que levaram ao pedido de exoneração da gestora local da Funai.
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Em Lábrea, os povos Paumari enfrentam invasões de posseiros, madeireiros e pesqueiros ilegais, somadas a ameaças armadas e ao avanço da pecuária. As atividades expõem comunidades a violência direta e à crescente vulnerabilidade social, com aumento da mortalidade infantil por falta de atendimento médico.
Em julho, na 22ª Romaria da Terra, da Floresta e das Águas, promovida na cidade, Dom Santiago Sánchez, bispo da Prelazia de Lábrea, destacou a importância dos movimentos recentes de resistência dos povos indígenas:
Lábrea é uma região marcada por queimadas e destruição ambiental. Mas a terra, a floresta e as águas são fontes de vida, e precisamos defendê-las
Sob o tema “Resistir e esperançar cuidando da Casa Comum no nosso rio Purus” e o lema “Sua ternura abraça toda criatura”, a Romaria transformou a liturgia em gesto político: orações se misturaram a denúncias contra garimpo, queimadas, grilagem e a devastação dos rios.
As preces levantadas na Romaria podem, ainda, não ter virado milagre, mas ganharam resposta concreta: a Portaria nº 1.012 prevê o envio da Força Nacional a Tapauá e Lábrea por 90 dias, em apoio à Funai. O efetivo não foi detalhado, mas deve reunir policiais militares, civis, bombeiros e peritos de diferentes estados, preparados para operações em áreas de conflito e de proteção ambiental.
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