Davi Emanuel Alves, de 20 anos, saiu para ir ao mercado às 13h50min do dia 1 de novembro em Quatro Barras, no Paraná, a pedido de sua mãe Mariana. Quando eram 14h30, Mariana sentiu que algo havia acontecido com seu filho. Ligou para seu marido e deixou inúmeras ligações no celular de Davi. Com a ajuda da vizinha, Mariana saiu em busca de Davi e fez novas ligações. Na volta a Guarda Municipal de Quatro Barras (PR) atendeu o celular de seu filho.
O relato oficial da Guarda, é que em meio a uma perseguição policial, a viatura Delta-04 se deslocava para deixar três mulheres em casa, quando se deparou com uma motocicleta “empinando” em alta velocidade na Via Miguel Baduy. Os guardas afirmam que iniciaram acompanhamento tático, com sinais luminosos e sonoros ligados, mas perderam o veículo de vista. Ao cruzar a Rua Nilo Fávaro, a viatura reduziu a velocidade para atravessar o cruzamento, momento em que a motocicleta conduzida por Davi teria colidido com o lado esquerdo da viatura, supostamente por estar em ponto cego do motorista. Também estava no prontuário médico de Davi que ele estaria sem capacete no momento da colisão.
Porém a versão da comunidade, que viu o acidente, é outra. A perseguição a um jovem que estava empinando moto ocorreu em alta velocidade, e na viatura haviam três mulheres, estando uma delas grávida. O veículo da GM furou a preferencial, colidindo com a moto Davi e colocando em risco as passageiras, que também apresentaram ferimentos após o acidente.
Já o boletim da Polícia Militar, que prestou apoio à ocorrência, confirma que houve colisão entre a motocicleta de Davi (placa TBE3C24) e a viatura da GM D-04, mas não menciona perseguição em andamento no momento do impacto.
A Guarda Municipal (GM) não tem competência legal para realizar perseguições no trânsito — especialmente aquelas que envolvem risco à integridade física de terceiros, alta velocidade ou condutas típicas de polícia ostensiva, como abordagens e perseguições armadas. O Estatuto Geral das Guardas Municipais, define suas funções como: “proteger bens, serviços e instalações do município” e atuar na prevenção à violência, dentro dos limites do poder municipal.
Foi confirmada a falência do rim e baço de Davi no hospital. O jovem fraturou a coluna, o cotovelo, e teve inúmeras fraturas na face, junto a um traumatismo craniano grave. No velório, estava irreconhecível. A família foi no local do acidente no dia seguinte, encontrou o capacete de Davi jogado, encharcado de sangue. A comunidade viu os socorristas tirando o capacete de Davi para socorre-lo, em divergência à versão de seu prontuário. A guarda recolheu as provas da família – o capacete e a moto – e vazou uma foto da moto para um jornalista que divulgou a morte de Davi quando ele ainda estava sob cuidados no leito do hospital.
Davi Emanuel Alves faleceu dias depois, em decorrência dos ferimentos. O velório foi realizado no domingo (9), com forte comoção na comunidade. Familiares e moradores fizeram uma caminhada por justiça, pedindo que os responsáveis não voltem a exercer funções operacionais na corporação. No mesmo dia, a Polícia Militar registrou um boletim por “perturbação da ordem” durante a manifestação. A mãe ressalta que a dor da perda de um filho é muito maior do que proteger a carreira de um guarda inconsequente e criminoso.
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