O Brasil encerrou 2024 com os menores índices de pobreza e extrema pobreza em mais de uma década, segundo a nova edição da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE. O levantamento mostra que, em comparação com o ano anterior, quase 11 milhões de pessoas deixaram essas condições, um movimento puxado pela recuperação da renda das famílias e pela combinação entre mercado de trabalho mais aquecido e benefícios sociais mantidos em níveis elevados.
A extrema pobreza caiu para 3,5% da população, enquanto a pobreza recuou para 23,1%, ambos os patamares mais baixos desde 2012. Embora o estudo utilize parâmetros de renda monetária definidos pelo Banco Mundial, sem considerar fatores como moradia ou acesso a serviços, os números apontam para um avanço consistente.
A renda domiciliar per capita atingiu R$ 2.017 mensais em 2024, o maior valor da série histórica. O efeito foi ainda mais perceptível entre os 10% mais pobres, que tiveram aumento expressivo no rendimento.
O recuo também se refletiu na desigualdade: o índice de Gini registrou 0,504, a menor marca em doze anos. Ainda assim, diferenças estruturais permanecem evidentes. Crianças e adolescentes seguem como o grupo mais afetado, quase 40% deles vivem abaixo da linha de pobreza.
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Pessoas pretas e pardas também aparecem com índices mais altos, assim como as mulheres. Entre os idosos, por outro lado, a proporção é bem menor, reflexo direto da rede previdenciária.
As disparidades regionais continuam marcantes. O Nordeste concentra metade da extrema pobreza do país, com quase 40% de sua população abaixo da linha considerada pelo estudo. No Norte, o cenário é semelhante. Já Sul e Centro-Oeste registram os menores percentuais do país.
Mesmo entre quem está empregado, a renda insuficiente ainda é um desafio: 12 milhões de trabalhadores vivem em lares classificados como pobres. O grupo é majoritário em ocupações informais, domésticas ou rurais, indicando que a melhora recente, apesar de significativa, ainda não chega de forma igual para todos.
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