Com fotografias captadas de Norte a Sul do Brasil, o oceanógrafo, ambientalista e fotógrafo Enrico Marone apresenta na exposição Manguezal uma visão que rompe estigmas históricos. O trabalho retrata os manguezais como ecossistemas ricos em biodiversidade, cultura e importância econômica, em contraste com o imaginário coletivo que, por muito tempo, associou esses ambientes a lugares insalubres. A mostra está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ) desde a última quarta-feira (29) e pode ser visitada gratuitamente até 2 de fevereiro de 2026.
O projeto da exposição, que tem curadoria de Marcelo Campos e produção de Andrea Jakobsson Estúdio, partiu do livro homônimo, o quinto volume da Coleção Década do Oceano (2021–2030), idealizada e produzida em parceria com a Cátedra Unesco do Instituto Oceanográfico da USP e ilustrada pelo fotógrafo Enrico Marone.
Depois de percorrer manguezais em diversas partes do país, o fotógrafo considera que projetos que incluem a participação de comunidades locais e de pescadores começam a mudar a percepção da sociedade sobre esses ecossistemas.
Curadoria
A curadoria de Marcelo Campos mescla múltiplas linguagens e gerações de artistas, com cerca de 50 obras de 25 nomes fundamentais da arte brasileira.
Assim como Enrico Marone, que se encantou com esse ecossistema, o manguezal é destaque no trabalho de artistas, como o do modernista Lasar Segall, que retratou a antiga zona de mangue no Rio de Janeiro, região central na formação do samba e do urbanismo carioca. Outro foi Hélio Oiticica, que ressignificou o mangue em seus jogos linguísticos, unindo mangue e bangue em crítica à violência urbana. Os dois também estão na mostra.
A exposição conta ainda com trabalhos de outros artistas que têm o mangue como inspiração: Ygor Landarin, Lucélia Maciel, Azizi Cypriano, Almir Lemos, Aislane Nobre, Gabriella Marinho, Abelardo da Hora, Ayrson Heráclito, Carybé, Celeida Tostes, Marcel Gautherot, Frans Post, Maureen Bisilliat, Marcone Moreira, Uýra Sodoma e Ganhadeiras de Itapuã.
Carnaval
O carnaval também está presente na mostra e deve despertar grande interesse do público. Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que até este ano eram carnavalescos da Grande Rio, são os autores de uma instalação baseada nas caruanas, seres encantados que habitam os manguezais e presentes na mitologia indígena brasileira.
“Logo que vi o desfile da Grande Rio, em 2025, vi um carro [alegórico] sobre as caruanas. Imediatamente, liguei para os carnavalescos, que eu conheço, e pedi para guardar o carro, porque iria precisar. A grande coincidência é que, quando a Grande Rio anuncia o enredo do carnaval de 2026, também vai ser um carnaval dedicado aos manguezais. Então, nós juntamos os dois carnavais. Vamos trazer quatro fantasias inéditas para o carnaval de 2026, desenhadas pelo Antônio Gonzaga [atual carnavalesco da Grande Rio]”, contou o curador Marcelo Campos.
A Manguezal é uma realização do Ministério da Cultura, do CCBB RJ e da MaisArte, patrocinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Instituto Prio, com copatrocínio da TGS e apoio da EnvironPact, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, a chamada Lei do ISS.
*Com informações da Agência Brasil.
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