O consumo abusivo de álcool entre as mulheres aumentou consideravelmente no período compreendido entre 2006 e 2023, segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a ACT Promoção da Saúde e com o Ministério da Saúde.
A análise dos dados mostra que, nesse recorte de tempo, o índice praticamente dobrou, indo de 7,7% para 15,2%, acendendo um alerta para a evolução de hábitos e condições relacionadas a doenças crônicas no país.
A faixa etária dos 25 aos 34 anos é a mais preocupante: 22,2%, seguida de perto por aquela que compreende as mulheres de 35 a 44 anos (18,6%). Entre as mais velhas, os índices se mostram mais estáveis: 7,6% (55 a 64 anos) e 2,8% (65 anos ou mais). O consumo entre os homens permanece alto, mas sem grandes variações, alcançando 25%.
Para os especialistas, um dos fatores que pode ter colaborado para esse crescimento diz respeito à eficácia das campanhas publicitárias direcionadas para o público feminino. Eles defendem a criação de políticas específicas que levem em conta questões de gênero, além da regulamentação do marketing de bebidas alcóolicas e restrições a eventos como aqueles que oferecem open bar.
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O estudo foi realizado através do uso dos dados coletados pelo Vigitel, sistema de pesquisa telefônica anual do Ministério da Saúde. Foram entrevistados cerca de 800 mil adultos, cujas declarações serviram para construir um panorama completo da situação, para além do consumo de álcool. Várias condições foram analisadas, como o excesso de peso (que passou de 38,5% para 59,6%, entre mulheres, e 47,6% para 63,4%, entre os homens), e a obesidade, que atinge cerca de um quarto da população adulta.
Outros detalhes chamaram a atenção, como o crescimento de hipertensão e diabetes também cresceram, e a diminuição de hábitos alimentares saudáveis. O consumo de frutas e hortaliças segue baixo, em torno de 20%.
Alguns avanços foram detectados entre os entrevistados, como a queda do tabagismo e o aumento da prática de atividade física. Porém, os pesquisadores levantam a necessidade da criação urgente de políticas de prevenção e educação em saúde, capazes de alcançar e dialogar com os mais diferentes públicos e classes sociais.
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