O rapper Emicida lançou nesta quarta-feira (17) o álbum “Emicida Racional VL 2 – Mesmas Cores & Mesmos Valores”, seu primeiro trabalho autoral em seis anos. O projeto, composto por dez faixas, é uma homenagem direta ao disco “Cores & Valores” (2014) do Racionais MC’s e surge em um momento pessoal delicado: após a morte de sua mãe, Dona Jacira, em julho, e durante uma batalha judicial com seu irmão e ex-sócio, Evandro Fióti.
Para Emicida, a reverência aos Racionais é uma missão. “Assim como Mano Brown disse ter sido salvo pelo Public Enemy, foi o Racionais quem salvou minha vida”, afirmou. O artista define este como seu disco mais sensível e expositivo, usando a obra do grupo como espelho para processar a dor e revisitar o passado.
A faixa “Quanto vale o show memo?” é um exemplo da abordagem introspectiva, com versos como “Melhor ser um guerreiro no jardim do que um jardineiro na guerra”. Já “A Mema Praça” reúne Rashid e Projota, parceiros de longa data, e rememora o show dos Racionais na Virada Cultural de 2007, interrompido por violência policial.
O álbum também inclui mensagens de áudio e o choro de Dona Jacira na faixa introdutória “Bom Dia Né Gente? (Ou Saudade Em Modo Maior)”, reforçando o tom confessional. Mais do que um exercício saudosista, o trabalho busca expandir os limites criativos do rapper, agora em sua fase “histórica” – que ele define como a compreensão de ser “parte de grandes movimentos imaginativos produzidos por nós enquanto povo”.
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