Em um discurso contundente durante a Conferência Internacional para a Resolução Pacífica da Questão Palestina, realizada nesta quarta-feira na sede da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou as ações de Israel em Gaza como “genocídio” e “limpeza étnica”. O evento, convocado por França e Arábia Saudita, teve como ponto central a defesa da solução de dois Estados – proposta que ganhou força com o anúncio formal de reconhecimento do Estado da Palestina pelo governo francês durante o encontro.
Lula listou uma série de dados sobre a guerra para sustentar suas críticas.
O direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis. Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de 50 mil crianças. Nada justifica destruir mais de 90% dos lares palestinos. Nada justifica usar a fome como arma de guerra
afirmou.
O presidente questionou a comunidade internacional:
Como manter uma população diante da limpeza étnica a que assistimos em tempo real?
Em sua fala, Lula vinculou a crise humanitária ao que chamou de tentativa de aniquilar o projeto nacional palestino.
A fome não aflige apenas o corpo, ela estilhaça a alma. O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação
disse.
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Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir
ressaltou em seguida.
Para o presidente brasileiro, “trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma simetria que compromete o diálogo e obstrui a paz”.
A posição do governo brasileiro, que reconhece a Palestina como Estado desde 2010 – no segundo mandato de Lula –, alinha-se com a medida anunciada pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
Os palestinos têm história e dignidade, e o reconhecimento de seu Estado não subtrai nada do povo de Israel
afirmou Macron ao abrir a conferência.
O evento marcou a ausência de dois atores centrais no conflito: Estados Unidos e Israel, que não participaram das discussões.
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