O voto dado pelo ministro Luiz Fux no julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus do núcleo central da trama golpista nesta quarta-feira (10) contrasta com a reação do magistrado aos ataques aos três poderes de 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, Fux defendeu punição rigorosa aos responsáveis pelos atos antidemocráticos, e disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) não permitiria que eles ficassem impunes.
Fux afirmou que a Corte iria “se valer dos instrumentos constitucionais para punir os responsáveis”.
O ministro avaliou que os atos não se configuravam meros protestos, mas sim ataques diretos e premeditados às instituições democráticas. Segundo ele, os alvos não eram apenas os prédios físicos, mas a harmonia e a independência dos Três Poderes. “Não foi apenas contra a nossa sede. Foi um ataque contra a democracia e a liberdade”, destacou.
Em 2021, Fux votou contra anulação de ações da Lava Jato
Fux segura há mais de um ano julgamento de recurso de Bolsonaro contra inelegibilidade
Essa postura ficou clara nas manchetes do noticiário da época: “Fux e a defesa da democracia: ‘O Judiciário não hesitará em atuar com o rigor da lei para punir os responsáveis’”, relatava o G1.
No dia 10 de janeiro de 2023, dois dias após os atos, durante a primeira sessão de sua turma no STF, Fux fez uma declaração pública destacando que a Corte não seria intimidada. “A Suprema Corte brasileira, guardiã da Constituição, jamais foi, nem jamais será, intimidada”, afirmou ele.
O ministro também garantiu que o tribunal iria se “valer dos instrumentos constitucionais para punir os responsáveis”.
Diante dessa contradição, a pergunta que fica é: o que mudou desde então para que Fux desse essa guinada justamente no momento em que são julgados aqueles que comandaram todo aquele processo?
Bookmark