Em reportagem especial da Piauí, assinada por João Batista Jr., foi revelada parte da rotina que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem desde que se mudou para os Estados Unidos para sabotar a soberania do Brasil e tentar salvarseu pai, Jair Bolsonaro, da prisão por tentativa de golpe de Estado. Entre as várias declarações captadas pela revista Piauí, dirigiu críticas contundentes ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), classificando-o como “carniceiro” durante conversas privadas.
O episódio que desencadeou a irritação de Eduardo foi um evento promovido pela XP Investimentos em São Paulo, no sábado (26), que contou com a presença dos governadores Tarcísio, Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Jr. (Paraná). O foco do debate foram as políticas econômicas e tarifárias do ex-presidente Donald Trump, tema que Eduardo articula como parte de uma estratégia para obter anistia para seu pai, Jair Bolsonaro, condenado pela Justiça.
Eduardo expressou frustração com o distanciamento dos governadores em relação à causa bolsonarista.
Os três falaram que a relação econômica está acima de Bolsonaro
reclamou.
Trump abriu a carta dele falando de Bolsonaro, fez posts citando Bolsonaro, a Embaixada dos EUA no Brasil retuitou Bolsonaro. E daí, lá do Brasil, [os governadores] ficam falando em evento da XP que não é sobre Bolsonaro?
O parlamentar acusou a elite econômica e políticos de direita de ignorarem o que considera ser a mensagem central de Trump: a necessidade de anistia para o ex-presidente como condição para um eventual recuo nas medidas comerciais.
Parece que muitas pessoas não entenderam isso
afirmou.
Sobre as ambições eleitorais de Tarcísio e outros governadores, Eduardo foi incisivo:
São carniceiros que querem os restos do espólio de Jair Bolsonaro, mas só levarão o voto da direita se não tiver ninguém mais à direita
Em seguida, sinalizou suas próprias pretensões:
Se eu for candidato, explodo o debate
A reportagem revela ainda fissuras no interior do PL. Eduardo relatou que pediu estrutura para sua atuação nos EUA – incluindo advogado, secretária e espaço comercial – ao presidente do partido, Valdemar Costa Neto, mas não foi atendido.
É um não sem dizer não. Ele vai dizendo que não é prioridade
O deputado comparou seu tratamento ao da madrasta, Michelle Bolsonaro, afirmando que ela custa ao partido R$ 800 mil mensais em salários, equipe e viagens de jato fretado.
O problema não é ela receber isso. A Michelle é uma pessoa boa comigo
ponderou.
A pergunta que eu faço é: será que o partido não vê que o que eu faço aqui é muito mais relevante?
A avaliação de Eduardo é que Costa Neto rejeita sua candidatura em favor de Michelle por considerá-la mais fácil de controlar. Procurado, o presidente do PL não confirmou os valores gastos com Michelle nem as reuniões com Eduardo.
O episódio expõe as divisões e a luta pela herança política do bolsonarismo, com Eduardo posicionando-se como voz radical em oposição a governadores que buscam um perfil mais técnico e menos alinhado à defesa incondicional do ex-presidente.
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