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Drogas e medicamentos são encontrados em tubarões

(Foto: Danilo Verpa/Folhapress)

Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, na região do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, revelou um cenário assustador para o meio ambiente. Foi detectada, em julho de 2024, a presença de drogas e medicamentos nos organismos de treze tubarões nativos da espécie Rhizoprionodon Ialandii, capturados de forma acidental por pescadores. Esses animais apresentaram índices consideráveis de ingestão de cocaína e benzoilecgonina, muito provavelmente, derivados de consumo humano. O caso ganhou amplo destaque na mídia nacional e internacional.

Embora a descoberta tenha surpreendido o público, oceanógrafos e especialistas alertam que a presença de drogas ilegais e fármacos em águas costeiras e fluviais é conhecida há décadas, representando risco à fauna marinha. O problema se intensifica em regiões urbanizadas e de baixa renda, onde o acesso ao tratamento de esgoto é limitado ou inexistente.

O oceanógrafo Camilo Seabra, docente da Universidade Federal de São Paulo e colaborador do Programa de Biodiversidade de Ambientes Costeiros da Unesp, e pioneiro no estudo da poluição por drogas e medicamentos no Brasil, em relato ao jornal da Unesp, deixou claro que, em sua pesquisa mais recente, foram analisadas quantidades consideráveis de água, sedimentos e ostras coletadas do estuário de São Vicente (SP).

Essas amostras continham, fora cocaína e benzoilecgonina, outras substâncias, como cafeína e medicamentos utilizados em casos de pressão alta, epilepsia e para relaxamento muscular (mais precisamente, losartan, carbamazepina e orfenadrina. Algumas concentrações já apresentavam risco ecológico baixo ou moderado para peixes, crustáceos e algas.

O estuário de São Vicente é conhecido por ser uma área bastante urbanizada e com um índice histórico de poluição. Casas irregulares sobre palafitas descartam dejetos diretamente na água, enquanto até regiões com coleta regular de esgoto lançam resíduos no mar por meio do Emissário Submarino de Santos, a quatro quilômetros da costa. A proximidade com o porto de Santos, um dos mais movimentados do Brasil, também contribui para a contaminação, incluindo a presença de cocaína pura proveniente de atividades de tráfico.

O estudo realizado por Camilo explicita que a cocaína, quando em contato com organismos como mexilhões, ostras e peixes, tende a se bioacumular, representando um risco elevado para consumo humano, justamente por serem comestíveis. O risco ecológico foi considerado moderado para crustáceos, usando Daphnia magna como referência, e para peixes, com base no Pimephales promelas.

Seabra destaca que a fauna marinha brasileira é mais sensível do que a de regiões temperadas, tornando a presença de drogas ainda mais preocupante. Além disso, a cocaína torna-se mais biodisponível em água salobra, aumentando a possibilidade de bioacúmulo. Estudos futuros visam criar tabelas nacionais de toxicidade adaptadas à fauna local, oferecendo dados mais precisos sobre os impactos ambientais dessas substâncias.

*Com informações da Folha de São Paulo e do jornal da Unesp

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