Nos bastidores de Brasília, a proposta de anistia aos presos e condenados pelos atos de 8 de janeiro voltou a movimentar as articulações políticas. O texto, considerado prioridade pelo bolsonarismo, depende agora da escolha de quem será o relator no plenário da Câmara, em decisão que cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A expectativa do PL é que o projeto seja votado já na próxima semana, após o fim do julgamento no STF sobre a chamada “trama golpista”. Para aliados de Jair Bolsonaro, a anistia é vista como um caminho não apenas para libertar apoiadores presos, mas também para tentar reverter a inelegibilidade do ex-presidente e recolocá-lo no jogo eleitoral de 2026.
Inicialmente, o nome do deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) era o favorito, já que ele relatou a proposta na CCJ em 2023. No entanto, líderes próximos a Motta avaliam que a escolha deve recair sobre um parlamentar de perfil mais central, capaz de buscar consenso em torno do texto. Entre os nomes ventilados, aparecem Claudio Cajado (PP-BA), Arthur Lira (PP-AL) e Lafayette Andrade (Republicanos-MG).
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A disputa pela relatoria também envolve interesses maiores. O centrão tem resistido a uma versão ampla da anistia, que inclui perdão a crimes eleitorais e poderia devolver a elegibilidade a Bolsonaro. Esse impasse se acentuou porque parte da base do centrão aposta na candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) à Presidência.
Enquanto isso, o governo Lula atua para barrar a proposta. A ministra Gleisi Hoffmann articulou reuniões com partidos de centro para tentar frear o avanço do projeto no plenário.
Por ora, Motta tem evitado compromissos. Em declaração recente, afirmou que a anistia “não tem previsão nem de pauta nem de relator”. O recado sinaliza que, apesar da pressão, a definição pode demorar mais do que deseja o bolsonarismo.
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