O ministro Flávio Dino, que preside a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) precisou ordenar, nesta terça-feira (09), que a polícia da Corte retirasse o advogado bolsonarista, Jeffrey Chiquini, da tribuna do plenário após ele ter um “chilique”, depois de ter uma questão de ordem rejeitada no julgamento do núcleo 2 da trama golpista.
Chiquini, que costuma dar “pitis” sempre que é contrariado, insistiu para que fossem incluídos nos autos slides, que segundo ele, seriam importantes para a defesa do ex-assessor especial do governo Bolsonaro, Felipe Martins, acusado de ser um dos autores da chamada “minuta do golpe”.
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O relator da ação, Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido afirmando que ele seria “impertinente”. “Em relação aos slides absolutamente impertinentes, se fossem importantes para defesa, teria juntado aos autos e teria juntado nas alegações finais”, disse o magistrado.
O advogado “surtou” e insistiu na demanda, interrompendo o ministro. Foi quando Dino teve que enquadrar o bolsonarista. “Doutor, por favor, não, doutor, por Doutor, por favor, não foi lhe concedida a palavra, certo? Então, ficará fora dos autos, pois não. Questão de ordem tem indeferida. Vossa Excelência, Vossa Excelência pode retornar ao seu lugar. Vossa Excelência terá a sustentação oral. Questão de ordem está indeferida. Doutor, doutor, por favor, doutor, por favor, retorne ao seu lugar, por favor. Vossa Excelência vai ter o seu tempo para formular as suas teses de defesa. Eu dei ordem pro policial. Doutor, por favor, retorne ao seu lugar. Muito obrigado”, reagiu Dino.
Defesa de corruptos confessos
Chiquini é um advogado conhecido por ajudar a livrar políticos acusados de corrupção a se livrarem da Justiça. Foi ele o representante legal do então presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Ademar Traiano (PSD) na assinatura de um acordo com o Ministério Público em 2022.
Na ocasião, Traiano juntamente com o ex-deputado Plauto Miró, foi acusado de receber propina de uma emissora de TV que possuía contratos de comunicação com a Assembleia. O valor teria sido de R$ 100 mil para cada um, em troca de garantir o contrato.
Em dezembro de 2022, Traiano e Miró firmaram um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com o MP. No acordo, eles confessaram o pedido e recebimento da propina e se comprometeram a devolver R$ 187 mil como reparação.
