Entre 2021 e 2024, 9,5 milhões de brasileiros deixaram a linha de pobreza, o equivalente a três vezes a população de Brasília (DF). Outros 2,8 milhões saíram da pobreza extrema. No mesmo período, houve significativa queda das desigualdades nas regiões metropolitanas do país.
Os dados são da décima sexta edição do “Boletim Desigualdade nas Metrópoles” (produzido pelo Observatório das Metrópoles, PUCRS Data Social e RedODSAL) divulgado nesta quinta-feira (02).
O trabalho mostra que em quatro anos, o coeficiente de Gini (quanto maior, mais elevada a desigualdade) caiu de 0,565 para 0,534, menor da série histórica, superando o de 2015, quando foi registrado um Gini de 0,539 – até então o menor nível desde 2012.
“O filme é bom, mas a foto ainda é ruim”, resume Andre Salata, professor da PUCRS e coordenador do estudo. Ou seja, a desigualdade diminuiu no País, mas ainda é historicamente alta.
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Renda cresceu mais entre os mais pobres
O fator chave para a melhoria nos indicadores sociais no período foi o aumento da renda do trabalho, que cresceu de forma mais intensa entre os 40% mais pobres da população, atingindo os maiores valores da série histórica. “O principal fator explicativo dessa queda das desigualdades é a renda do trabalho, que no período cresceu proporcionalmente mais para os mais pobres”, observou Juciano Rodrigues, professor do IPPUR/UFRJ.
Taxa de pobreza é a menor da história
A taxa de pobreza nas regiões metropolitanas caiu significativamente de 31,1% para 19,4% entre 2021 e 2024, atingindo no ano passado o menor índice da série histórica. No mesmo período, o percentual de extrema pobreza caiu para 3,3%, com mais de 2,8 milhões de pessoas saindo dessa situação.
A renda média do conjunto das regiões metropolitanas também atingiu o maior valor da série histórica, chegando a R$2.475.
O mercado de trabalho aquecido e a valorização real do salário-mínimo foram determinantes para essa melhoria, junto com o controle da inflação, afirmam os pesquisadores. A relação entre a renda dos mais ricos e mais pobres caiu de 19,2 vezes para 15,5 vezes no período, mas apesar da queda, o Brasil segue entre os mais desiguais do mundo. O patamar de 0,534 ainda é muito alto, comparado, por exemplo, aos 0,25 de países nórdicos.