No rastro da operação “Carbono Oculto”, uma das maiores operações já deflagradas no país, a deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT) protocolou na Assembleia Legislativa do Paraná um pedido de informações ao IPEM-PR (Instituto de Pesos e Medidas). Vinculado ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). A função principal do IPEM é fiscalizar se produtos e serviços seguem padrões de qualidade, quantidade e medidas corretas.
O requerimento busca esclarecer como se dão as rotinas de fiscalização, autuações e eventuais falhas de controle. Segundo a parlamentar, 46 postos em Curitiba e região foram flagrados com produtos adulterados, e as irregularidades podem estar diretamente ligadas ao financiamento de estruturas do crime organizado. Além disso ela questionou a atuação estadual, já que as fraudes só foram descobertas a partir de investigações feitas pela Polícia Federal:
“É atribuição do IPEM zelar pelo consumidor paranaense, mas causa estranhamento que apenas agora, com a presença de órgãos federais, tenha sido exposto um esquema tão amplo de fraudes em postos de Curitiba. É importante entender se o Instituto tinha conhecimento de indícios dessas irregularidades e quais medidas foram tomadas ao longo do tempo”, afirmou Ana Júlia Ribeiro.
A petista ainda ressaltou que a “privatização da BR Distribuidora, feita na gestão do Bolsonaro”, foi fator determinante para que o esquema tenha se desenvolvido dessa forma. A mudança “retirou do Estado um instrumento fundamental para regular o mercado e garantir que a queda de preços chegue até o consumidor final como deveria”, de acordo com Ribeiro.
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No pedido, a deputada exige que o IPEM esclareça desde a frequência mínima de fiscalização nos postos até o número de autuações aplicadas entre 2024 e 2025. O requerimento também questiona quais tecnologias o órgão utiliza para identificar fraudes cada vez mais sofisticadas, como dispositivos eletrônicos instalados nas bombas, e se há treinamento adequado para os fiscais. Entre os pontos mais sensíveis, Ana Júlia cobra explicações sobre eventuais vazamentos de informações que podem ter permitido a postos investigados se antecipar às operações. Além de pedir transparência sobre parcerias com Polícia Federal, Ministério Público e Procon, ela ainda quer saber como o Instituto controla reincidências e se há mecanismos de suspensão ou fechamento de estabelecimentos flagrados em fraude.
A Operação Carbono Oculto segue em andamento e novas fases não estão descartadas pelas autoridades federais. No Paraná, a resposta do IPEM-PR ao pedido da deputada deve indicar se houve falhas estruturais na fiscalização e quais medidas o órgão pretende adotar para conter fraudes. Nossa reportagem continuará acompanhando o caso e publicará novas matérias a partir do desenrolar da investigação e da manifestação oficial do IPEM.
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