A morte de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, após invadir o recinto da leoa Leona no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, na manhã de domingo (30), expôs uma combinação trágica entre falhas de proteção, vulnerabilidade social e um histórico marcado por abandono.
Gerson, conhecido como “Vaqueirinho”, convivia desde cedo com esquizofrenia e era acompanhado pelo Conselho Tutelar desde a infância. Ele vivia em um abrigo no interior da Paraíba quando fugiu pela primeira vez ainda criança. Mais tarde, foi destituído da guarda da mãe, também diagnosticada com transtornos mentais. Os quatro irmãos foram adotados; ele, não.
Sem referências familiares e atravessando sucessivos episódios de rua, Gerson acumulou passagens por unidades socioeducativas e pela polícia. Na sexta-feira (28), dois dias antes de morrer, ele havia sido solto após danificar caixas eletrônicos no bairro de Mangabeira.
Pouco depois, voltou a ser detido por apedrejar uma viatura da Polícia Militar perto da Central de Flagrantes. Relatos indicam que ele pedia para ser preso porque não tinha onde dormir nem o que comer.
Na manhã do trágico incidente, o parque estava aberto ao público desde as 8h. Por volta das 10h, visitantes registraram o momento em que o jovem escalou uma parede de mais de 6 metros, ultrapassou grades de proteção e usou uma árvore do próprio recinto como apoio para alcançar o interior da área onde fica Leona.
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As imagens mostram que, ao notar a presença do intruso, a leoa contornou o espaço de água e avançou. Quando Gerson descia pela árvore, foi puxado, derrubado e atacado. De acordo com o Instituto de Polícia Científica, ele morreu por choque hemorrágico provocado por ferimentos perfurantes e contundentes no pescoço.
O ataque provocou pânico entre os visitantes e levou ao fechamento imediato do zoológico, que terá as atividades suspensas por tempo indeterminado. A prefeitura afirma que o animal foi contido pela equipe técnica sem uso de tranquilizantes, mas ficou em estado de grande estresse.

Leona, nascida na própria Bica em 2006, segue monitorada por veterinários e biólogos. A direção do parque descarta qualquer possibilidade de sacrifício e afirma que o comportamento foi estritamente instintivo.
A Prefeitura de João Pessoa abriu investigação para entender como a invasão foi possível e reforçar os protocolos de segurança. O Conselho Regional de Medicina Veterinária informou que vai analisar a estrutura da Bica e acompanhar as apurações, destacando a necessidade de medidas preventivas adicionais.
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