Um professor da rede pública de ensino do Paraná que atua em uma escola cívico-militar divulgou uma carta aberta à comunidade denunciando os efeitos nefastos que esse modelo de educação que a gestão do governador Ratinho Júnior (PSD) tem imposto no estado. O depoimento foi elaborado após a repercussão do vídeo em que estudantes de um colégio militarizado entoam um canto com letra que faz apologia ao ódio e à violência.
O vídeo foi divulgado pela APP-Sindicato, que representa professores e funcionários de escolas do Paraná.
“A ampla maioria dos monitores militares que atuam nessas instituições não têm experiência alguma em ambientes educativos. Limitam-se a um conjunto de procedimentos que tentam uniformizar a juventude. Frases como: ‘Sentido’, ‘Descansar’, ‘Apresentar armas’, ‘Sem cadência’ e ‘Marche’ predominam, enquanto reflexões sobre diversidade, pluralidade e entendimento do contraditório são completamente ignoradas”, conta o educador no texto.
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Perseguição
O professor trabalha há 20 anos na educação pública paranaense. Ele lamenta os rumos que o ensino têm tomado a partir da expansão do modelo cívico-militar e da crescente privatização. Com receio de perseguição por parte do governo, o educador pediu para não ser identificado.
“Esse modelo não apenas suprime a individualidade dos alunos, mas também tolhe diariamente sua possibilidade de serem sujeitos dos processos educacionais, perpetuando uma cultura de controle, opressão e perda das singularidades”, afirma ele.
Modelo bélico
“A educação deve/deveria ser um espaço de formação crítica e promoção da paz, mas se transforma, nesse modelo bélico, em um ambiente que alimenta a violência e a intolerância, em especial às camadas periféricas da nossa sociedade”, critica o educador.
De acordo com o professor, ao invés de formar cidadãos críticos, criativos, autônomos, conscientes e solidários, que respeitem a diferença e a diversidade, as escolas militarizadas estão transformando jovens e adolescentes em “autômatos com comportamentos preconceituosos, padronizados e talvez até violentos”.
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