A França mergulhou em mais um capítulo de instabilidade política após a renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu nesta segunda-feira (6). No cargo há menos de um mês, Lecornu deixou a chefia do governo alegando a falta de consenso entre os partidos políticos, que, segundo ele, “colocaram os próprios interesses acima dos da nação”. A demissão foi confirmada pelo Palácio do Eliseu e aceita pelo presidente Emmanuel Macron.
A saída de Lecornu ocorre apenas um dia depois do anúncio da nova composição ministerial, que já vinha enfrentando resistências entre diferentes blocos parlamentares. Em discurso no Palácio de Matignon, o agora ex-premiê admitiu ter tentado negociar, mas afirmou que as disputas partidárias tornaram inviável a continuidade do governo.
Ex-ministro da Defesa e um dos aliados mais próximos de Macron, Lecornu havia sido nomeado no início de setembro para substituir François Bayrou, que caiu após perder um voto de confiança no Parlamento. Ele era o quinto primeiro-ministro do atual mandato de Macron, iniciado em 2022 — um recorde que reforça o clima de instabilidade no país.
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A renúncia intensificou o debate sobre o futuro político da França. Setores da direita e da esquerda reagiram com duras críticas ao presidente. Marine Le Pen, líder do partido Reunião Nacional (RN), pediu a dissolução imediata da Assembleia Nacional e a convocação de novas eleições. Já Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa, defendeu o prosseguimento de uma moção de impeachment contra Macron, apoiada por mais de 100 deputados.
O presidente agora enfrenta três caminhos possíveis: nomear um novo primeiro-ministro, convocar eleições legislativas antecipadas ou, em último caso, renunciar — opção que ele descarta publicamente. A escolha, qualquer que seja, deve definir os rumos do governo e o equilíbrio de forças no Parlamento, hoje fragmentado entre extrema direita, esquerda e o bloco centrista do presidente.
A crise política se soma a uma difícil conjuntura econômica. Com déficit de 5,8% do PIB e dívida pública de 114%, a França enfrenta forte pressão por cortes e reformas. O impasse em Paris provocou reação imediata nos mercados: as ações na bolsa francesa caíram logo após o anúncio da renúncia, refletindo o temor de que o país entre em um novo período de paralisia governamental.
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