Recebe o mérito a farda que pratica o mal
O coronel Aristheu de Góes Lopes, oficial responsável pela operação do BOPE que culminou na morte do jovem Herus Guimarães Mendes durante uma festa junina no Morro Santo Amaro, em junho deste ano, foi promovido pela corporação.
Em vez de prestar contas à sociedade e à família enlutada, o coronel foi nomeado, no último dia 1º de setembro, para o cargo de Superintendente de Gestão Integrada da Polícia Militar – uma decisão que sinaliza, de forma crua, a impunidade estrutural que protege agentes do Estado envolvidos em violência letal.
A operação, marcada pela truculência, interrompeu uma celebração comunitária com disparos de fuzil, atingindo Herus – um office boy de 22 anos – e outro jovem. A cena de pânico e a morte de um inocente, que trabalhava e sonhava como qualquer outro, gerou revolta imediata e protestos por justiça.
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A justificativa institucional de que “não há impedimentos legais” para a promoção, com base na conclusão de um inquérito policial militar, é um argumento técnico e vazio. Ignora por completo a gravidade do fato, o clamor por investigações independentes e a apuração rigorosa que um caso de morte de um civil demanda.
A nomeação, ocorrida antes mesmo do desfecho do caso no Ministério Público Militar, envia uma mensagem clara e aterradora: dentro da estrutura da segurança pública, a vida de moradores de favelas vale menos que a carreira de um comandante envolvido em uma operação fatal.
À família de Herus e a todos que buscam um Estado verdadeiramente democrático, resta a sensação de que a justiça foi mais uma vez adiada – e o luto, menosprezado.
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